Afinal: Pelé era tão melhor que Messi e Cristiano Ronaldo? Veja a resposta
Cogitar que o brasileiro já foi superado pelos dois craques da atualidade soa como heresia. Mas será que é mesmo?
O aniversário de 50 anos do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira, o flerte de Lionel Messi com a marca de 700 gols na carreira e a rara má fase vivida por Cristiano Ronaldo reacenderam um debate que dificilmente se esgotará: o quão melhor Pelé era em relação ao argentino e ao português? A definição do brasileiro como “o melhor jogador de futebol de todos os tempos” está tão incrustada no imaginário popular que parece intocável, inegociável. Cogitar que Edson Arantes do Nascimento já foi superado por dois craques que basicamente polarizam o reinado do esporte mais popular do planeta há mais de uma década soa como heresia, sacrilégio. Mas será que é mesmo?
Pensando nisso, a reportagem da Jovem Pan resolveu revistar os arquivos do futebol e reunir os principais lances do eterno camisa 10 do Santos e da Seleção Brasileira. Dribles, gols, arrancadas e até agressões a rivais foram compilados em um vídeo de quase dez minutos. Comentaristas e narradores do Grupo Jovem Pan também foram procurados para opinar. E a resposta é unânime: Pelé não só foi melhor que Messi e Cristiano Ronaldo, como reuniu as melhores qualidades de ambos. Em outras palavras: o brasileiro era a soma do argentino com o português.
Confira o vídeo e, mais abaixo, as opiniões dos integrantes da equipe de esportes da Jovem Pan:
Bruno Prado
“O Pelé era um jogador que tinha algumas características muito avançadas para a época em que jogou, principalmente na parte física. Ele era um jogador que tinha uma força física maior que os outros, muita velocidade, muita explosão. E, tecnicamente, também tinha muitas qualidades. Finalizava de direita, de esquerda, cabeceava muito bem. Ele reunia praticamente todas as boas qualidades de um meia-atacante. Era um jogador que tinha coisas que outros da época não tinham. Eu não descarto que alguém possa ser melhor, ter mais qualidades que ele, mas acho difícil que alguém seja maior. Porque o Pelé mudou algumas coisas importantes para o esporte. Talvez ele tenha sido o cara que expôs a necessidade de se transformar jogadores de futebol em atletas. Antes, eram jogadores um pouco mais lentos, que definiam as jogadas com menos velocidade. Ele acabou sendo um marco. Em relação a Messi e Cristiano Ronaldo, eu acho que é uma boa análise colocar o Pelé como um cara que reunia um pouco dos dois. Porque ele tinha a parte de atleta do Cristiano Ronaldo – era um cara forte, que finalizava bem com as duas pernas, cabeceava bem – e também a magia e a criatividade do Messi. Em relação ao argentino, a quem eu considero o segundo melhor da história, o Pelé, na minha opinião, leva vantagens em dois pontos: o fato de trabalhar bem com as duas pernas e o de ser melhor nos cabeceios.”
Flavio Prado
“O Pelé era um jogador completo. É muito difícil saber se era destro ou canhoto, porque ele batia na bola com as duas pernas com a mesma facilidade. Tinha 1,71m, mas subia de uma maneira absurda, mais até do que o Cristiano Ronaldo subiu naquele jogo recente entre Juventus e Sampdoria, que virou manchete em todos os jornais do planeta. Pelé era um jogador muito forte, extremamente veloz e muito malandro. Malandro no sentido de jogar futebol. Ele tinha todas as malícias possíveis, criava situações… Era duro de ser marcado porque também batia de frente com os adversários. Ou seja: era um cara que cobrava falta, fazia gol de cabeça, de pé direito, de pé esquerdo, tinha extrema velocidade, drible fácil. Eu acho impossível comparar o Pelé com qualquer outro. E essa ideia de soma dois é muito boa! O Pelé tinha a força física do Cristiano Ronaldo com a técnica do Messi, só que com as duas pernas. E o Messi usa apenas uma perna com habilidade. Então, eu acho que qualquer tipo de comparação com o Pelé é fora de propósito. Ele pode até ser superado em uma ou outra estatística, até porque as estatísticas da época eram feitas de qualquer jeito, mas não dá para comparar. É realmente impossível!”.
José Manoel de Barros
“Pelé foi uma grande força da natureza. Incomparável, na minha opinião, muito embora essa comparação muitas vezes seja inevitável. Ele cabeceava bem, fazendo muitos gols dessa forma, batia falta bem, driblava, tinha habilidade, chutava com a perna direita, com a perna esquerda, tinha força, precisão, inteligência, era um jogador ganhador, competitivo e que pensava muito além dos adversários. Se você olhar para os dois grandes jogadores do nosso tempo, Messi e Cristiano Ronaldo, o Pelé tinha as melhores qualidades de ambos e muito mais. Ele foi além. Já ouvi comparação sobre quem foi melhor entre Pelé e Maradona. Uma análise fria vai indicar que o brasileiro foi muito melhor. Não à toa, foi eleito o Atleta do Século, e com justiça. Para mim, Pelé foi um fenômeno. Se Deus queria criar o jogador de futebol perfeito, criou Pelé!”.
Mauro Beting
“O Pelé da música são os Beatles, Beethoven, Mozart. Pode ter o Pelé da arquitetura, da pintura, do cinema… Mas, no futebol, o Pelé do futebol é o… Pelé. Então, dá para dizer que Messi é o Pelé do futebol desse planeta, porque Pelé é de outro – embora eu ache que Messi seja do mesmo satélite de onde veio Edson Arantes do Nascimento. Eu sou Messiânico recentemente convertido ao Cristianismo Ronaldista. Cristiano Ronaldo é provavelmente o melhor jogador nascido na Europa em todos os tempos, e é tão bom que tem alguns números melhores que os de Messi. Como, por exemplo, a média de gols pelo Real Madrid, o número de Champions conquistadas, a artilharia do maior torneio de clubes do mundo… Ele é tão bom que já ganhou cinco vezes o Prêmio Lionel Messi de melhor jogador do mundo. Mas Pelé é Pelé. Se, com a canhota, não era tão bom quanto Messi, o brasileiro era muito melhor com o pé ótimo, porque ele não tinha pé ruim. Era realmente ambidestro. O Messi é só canhota. Cristiano é tudo. É direita, esquerda, peito, cabeça… É muito mais atleta que Messi, mas não é tão genial quanto o argentino. Para mim, Messi é melhor que Maradona, que Puskás, que Cruyff, que Di Stefano… Mas não dá para ser melhor que Pelé! Porque não é só por uma questão cronológica: o que o Pelé fez em Copas do Mundo – o único a conquistá-las três vezes –, os gols que marcou por Santos, Cosmos, Seleção Brasileira e que faria em qualquer época do mundo… O Pelé é mais do que o Messi! Mas o Messi é tão bom que dá para compará-lo com Pelé. O Messi, não o Cristiano. Mas vale a discussão.”
Nilson Cesar
“Existem alguns caras que nunca serão superados. E Pelé é um deles. Você tem Messi, Maradona, Cristiano Ronaldo, Ronaldo Fenômeno e tantos outros. Só que, se você juntar as características destes atletas, Pelé tinha todas elas, inclusive superando-os. A superação de Pelé no futebol, Michael Jordan no basquete, Ayrton Senna no automobilismo… É impossível! Eu aprendi uma vez que tem alguns gênios que não dá para comparar, são extraterrestres. E é verdade! O Pelé, dentro do futebol, é de outro planeta. E olha que eu vi Pelé e todos esses outros jogando. Não tem nível de comparação: o Pelé é melhor! Acontece que, à época, ele não tinha essa exposição que os jogadores atuais têm, com visibilidade por televisão em todos os jogos, por exemplo. Ainda assim, Pelé sempre será melhor do que todos os outros. O primeiro é o Pelé. A gente só tem o direito de discutir do segundo em diante.”
Wanderley Nogueira
“Messi e Cristiano Ronaldo são espetaculares. Hoje, garantem o interesse de quem gosta de futebol. Têm estilos diferentes, é verdade, mas são imensamente eficientes. E, como disputa, um precisa do outro. Em lugares diferentes, um ajuda a manter vivo o brilho do outro. Mas… Quando a discussão é se um deles vai tirar o lugar de Pelé na condição de Rei, a coisa muda muito. Pelé arrebatou o mundo em um período sem nenhum dos recursos à disposição do argentino e do português. Disso ninguém duvida. Ainda assim, tinha vigor físico invejável e técnica fascinante em todos os fundamentos. Ele conquistou o posto de Rei. O melhor do mundo. O melhor de todos os tempos. ‘Tipo’ Aristóteles, considerado o maior filósofo da história. Depois dele, vieram outros brilhantíssimos, incríveis. Mas nenhum igual. No caso de Pelé, o brilho dele não diminui nunca.”
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