Projeto e investimento na base: Os ‘segredos’ do Internacional até sua primeira final do Brasileirão feminino
Gurias Coloradas tentam fazer história contra o Corinthians neste domingo, 18, no primeiro jogo da decisão de 2022
Neste domingo, 18, acontece a primeira partida da final do Campeonato Brasileiro feminino 2022. Internacional e Corinthians se enfrentam no Beira-Rio, às 11h (horário de Brasília), em um jogo que já entrou para a história do clube gaúcho. Essa é a primeira vez que as Gurias Coloradas chegam a uma final da Série A1 (conquistando, consequentemente, uma vaga inédita para a Libertadores), além de ser o primeiro time de fora do Estado de São Paulo a chegar à decisão desde 2016. E o que explica todo esse sucesso? Trabalho. O Internacional é um clube com história no futebol feminino. Começou as atividades ainda em 1983, pioneiro no Rio Grande do Sul, e até os anos 2000 dominou o cenário gaúcho. Foi duas vezes bronze no Brasileiro e cedeu algumas jogadoras à seleção brasileira, como Solange e Rosana, medalhas de prata em Atenas 2004. Infelizmente, assim como outros clubes do país, as atividades foram encerradas e só retornaram em 2017, desta vez em um projeto ambicioso. Em seis anos, as Gurias entraram na Série A2 (segunda divisão), conseguiram o acesso à A1 e chegam à final após ter a terceira melhor campanha na primeira fase e eliminar Flamengo e São Paulo. O gerente de futebol, Leonardo Menezes, explicou como aconteceu esse retorno. “O clube sabia que viria a obrigatoriedade da CBF para clubes da Série A (criar departamentos femininos) e se antecipou. O Inter sempre deu importância e prioridade para outras categorias, sempre apostamos no feminino. Juntou a experiência histórica com a obrigatoriedade”, disse em entrevista ao site/portal da Jovem Pan.
A reestruturação, no entanto, não aconteceu de forma bagunçada. Os departamentos foram montados com nomes de relevância, como o de Duda Luizelli na diretoria do futebol feminino. As questões trabalhistas – negligenciadas por alguns clubes – foram atendidas e hoje todas as atletas do profissional têm carteira assinada, e as jogadoras de base possuem contrato de formação. A base, inclusive, é um dos maiores triunfos do Internacional, campeãs no Sub-14, Sub-16 e Sub-18. Muitas das jogadoras que atuam hoje no time principal se formaram no clube (inclusive Jheniffer, atacante do Corinthians) e esse é o ‘segredo’ do sucesso. “Investir na base hoje é uma via de mão dupla, sabemos que estamos contribuindo. Se não der oportunidades, elas não terão chances de se desenvolver, mas tem um custo que é muito alto”, comenta Leonardo. O ‘custo’ vem das convocações para a seleção brasileira. Nas quartas de final do Brasileiro e primeiro jogo da semi, o time ficou sem Barbieri, Mileninha e Priscila, que foram convocadas para o Mundial Sub-20.
“Elas chegam fora do contexto, focadas em outro trabalho, e até virarem a chave causa um prejuízo enorme. Acreditamos muito em desenvolver os talentos, em aproveitar essas meninas de base e que serão boas fontes de renda, mas a seleção atrapalha um pouco nas equipes profissionais e tem muitos que não investem na categoria por isso”, ressalta. Recentemente, o Inter fez caixa com as vendas de Bruninha para o Santos e Maii Maii para o Sporting-POR. Perguntado se há conversas com a CBF para minimizar os prejuízos das convocações, Leonardo foi claro. “Conversamos entre os clubes, conversamos com eles, mas não existe um grande diálogo, um grande conjunto para que possamos pensar novas estratégias para o desenvolvimento da modalidade”, concluiu. Mesmo assim, a meta é manter o trabalho. “Continuar apostando na base, buscar mais parceiros comerciais para que busquemos mais recursos e que seja um projeto que só cresça e que o Internacional possa cravar sua bandeira como um dos protagonistas da modalidade no Brasil”.
Em busca do sonho
Se de um lado tem a estreia das Gurias Coloradas, do outro terá a experiência alvinegra. O Corinthians chega à sexta final de Brasileirão consecutiva, em busca do quarto caneco – terceiro consecutivo. Mas para quem chegou tão longe, o impossível é só questão de opinião. “As expectativas são as melhores, sabemos de toda a qualidade e experiência do Corinthians que tem sido hegemônico, porém, nós acreditamos no nosso grupo de atletas e profissionais que tem feito a gestão, a gente vai fazer um bom jogo”, decretou Leonardo. A torcida, com certeza, as Gurias já tem. Ao todo, todos os 40 mil ingressos disponíveis foram reservados, definindo o maior público para a modalidade no Beira-Rio – número anterior era de sete mil no jogo da semi contra o São Paulo. Apoio não irá faltar.
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