“Meu sonho é fazer história aqui”, diz Jair Ventura após dois meses no Santos
Com dois meses no Santos, o técnico Jair Ventura já fala de um sonho realizado. O sonho de dirigir o time de Pelé, que lhe deu as boas-vindas quando foi contratado. “Estou em um clube gigante, bicampeão mundial. Meu sonho é fazer história aqui”, disse o treinador em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo. O primeiro desafio na Libertadores é nesta quinta-feira, às 19h15 (de Brasília), diante do Real Garcilaso, no Peru.
Suas ferramentas para colocar mais taças nas estantes já estão na mesa. Ele é estudioso, gosta de números e usa a experiência como jogador. Carreira curta. Parou aos 26 anos por causa de seguidas lesões em clubes nanicos e foi cursar Educação Física. Achou seu lugar. Depois de nove anos como auxiliar técnico, foi efetivado no Botafogo e chamou a atenção. Deixou de lado os planos de tirar a licença de treinador da Uefa neste ano quando chegou a oferta do Santos. Confira a entrevista:
Qual é o balanço desses primeiros dois meses no clube?
O primeiro ponto favorável foi a receptividade dos atletas, diretoria e torcedores. Já me sinto em casa. Em relação ao time, ainda é cedo para avaliar. Foram oito mudanças em relação ao ano passado. Estamos trocando o pneu com o carro andando, mas estou feliz pelo rendimento dos atletas. Falamos da volta do Gabigol, do Sasha, mas não levamos gols nos últimos três jogos.
Esperava que o Gabriel se encaixasse tão rapidamente depois dos problemas na Europa?
O Gabriel está em casa no Santos e está recuperando a confiança. Ele tem essa personalidade forte, mas tem 21 anos. Com essa idade, eu tive a mesma dificuldade quando trabalhei na Europa. É uma mudança drástica de cultura, de clima e de tudo. Ele vai dar a volta por cima. Certeza. Ele vai fazer sucesso na Europa. Ele tem contrato, e a gente sabe que vai perdê-lo.
Quais os favoritos no Campeonato Paulista?
Eu vejo equilíbrio. A gente oscilou; o Palmeiras e o São Paulo estão oscilando agora; o Corinthians passou algumas rodadas sem vencer. Nenhuma equipe no Brasil está ganhando com os pés nas costas.
Não há quarta força?
Os quatro grandes estão no mesmo nível. Os clássicos são decididos em detalhes, um gol, dois gols, no máximo, com equilíbrio dentro das partidas.
Você fez um trabalho respeitado no Botafogo, mas não foi campeão. Como avalia esses dois lados: respeito e conquistas?
Não adianta ganhar um título e não ter regularidade. Eu não trocaria um trabalho com regularidade por um título estadual, por exemplo. De que adianta ser campeão e ser mandado embora em maio ou junho? Eu acredito que um grande trabalho é tão importante como um título. Mas é preciso aliar os dois. Eu quero títulos.
Quais são suas referências internacionais?
Falavam muito do Simeone quando eu trabalhava no Botafogo. Agora o momento é diferente. Estamos junto com o São Paulo entre os líderes de posse de bola. Meu modelo de jogo muda de acordo com o elenco. Nunca vou trazer uma coisa engessada de um clube para outro.
Como você se define?
Não gosto de autoanálise. É difícil falar de si mesmo.
Vila Belmiro ou Pacaembu?
O Santos tem o luxo de ter duas casas. A gente vai ser forte nas duas.
O que esperar do Real Garcilaso, rival desta quinta na Libertadores?
Eles jogam no esquema 4-2-3-1. Tem o camisa 10, um argentino, que faz a bola andar. Tem o 9, mas que joga com a 19, que é a referência no ataque. Eles chutam muito de média e longa distância. Isso preocupa pela velocidade da bola. Eles tentam do meio-campo e criam chances de gol. A gente sabe da dificuldade de jogar na altitude, mas vamos buscar a vitória.
Qual o livro da sua cabeceira?
Eu estava relendo “Os Números do Jogo”. É um livro muito bom sobre análise de desempenho. É preciso saber usar os números. Não adianta ter posse de bola e não ter objetividade. O livro mostra que é preciso ter uma estratégia de jogo.
Quais são seus sonhos?
Meu sonho é o Santos. Como vou pensar em outras coisas, como Europa ou Seleção Brasileira, se estou em um time bicampeão mundial?
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