Hoje técnico, capitão no 1º título de Tite idolatra ex-comandante e quer Uefa

  • Por Jovem Pan
  • 26/10/2016 18h18
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Tite e Paulo Turra em 2013 Arquivo Pessoal Tite e Paulo Turra em 2013

Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro, Copa Sul-Americana, Libertadores da América, Mundial de Clubes… Desde que começou a trabalhar como técnico, no início dos anos 1990, Tite já ganhou os títulos mais poderosos do futebol brasileiro. Mas, quando questionado sobre a maior conquista da carreira, pode resgatar uma taça vencida lá no longínquo ano de 2000, pelo Caxias. Foi o primeiro e único Campeonato Gaúcho faturado pelo modesto time do interior do Rio Grande do Sul até hoje. E o primeiro título de elite conquistado pelo atual treinador da Seleção Brasileira à frente de um banco de reservas. 

Graças à improbabilidade e ao ineditismo, Tite guarda aquela conquista com muito carinho na lembrança. Assim como um ex-zagueiro que, anos depois, inspira-se no técnico mais badalado do futebol brasileiro para seguir o mesmo caminho do ex-comandante. 

Paulo Turra, hoje com 42 anos, foi o capitão do Caxias na histórica campanha que culminou com o título gaúcho de 2000. Era ele o principal elo entre Tite e o time – até hoje considerado o maior da história do clube da Serra Gaúcha. 

Mais de dezesseis anos se passaram desde que Turra e Tite trabalharam juntos. Mas ambos ainda mantêm uma relação de amizade que, curiosamente, motiva o ex-zagueiro a seguir em frente no sonho de se transformar em um grande treinador de futebol.

Com passagens por Botafogo e Palmeiras, Turra pendurou as chuteiras em 2007. Um ano depois, já começou a trabalhar como técnico. Desde então, rodou por diversos clubes do Sul e chegou a comandar o Avaí, em 2014. Hoje, é o treinador do fgil Cianorte, do Paraná.  

Como o clube só volta a disputar competições oficiais em 2017, Turra tem aproveitado o tempo livre para se especializar. Já com a Licença A da CBF em mãos, o ex-zagueiro viajou à Portugal, onde jogou por mais de cinco anos, para estudar e, quem sabe, graduar-se no curso de treinadores oferecido pela Uefa – hoje, entre brasileiros, apenas Milton Mendes tem o certificado Uefa Pro, que permite quem um técnico trabalhem em qualquer clube do mundo.

Vim passar uma semana aqui em Portugal com um amigo. Vou manter contatos, ver a situação dos clubes e estou tentando me programar para fazer o curso de treinadores da Uefa no ano que vem. Já assisti a alguns jogos e treinamentos. Todos temos que buscar a atualização“, discursou Paulo Turra, em entrevista exclusiva a Daniel Lian que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan. 

“Vivi em Portugal de 2001 a 2006. Joguei no Boavista, clube pelo qual disputei a Champions League e fui semifinalista da Copa da Uefa, e também atuei pelo Vitória de Guimarães. O que levo desta minha passagem pelo futebol europeu é a parte tática. Hoje, Portugal é um berço de grandes treinadores. Levo muito do que aprendi em cinco temporadas aqui para a minha carreira como técnico“, acrescentou.

Turra também se espelha em Tite. E o técnico que, em 2014, viajou à Europa para fazer estágio com Carlo Ancelotti, já se mostrou disposto a ajudar o ex-comandado na nova carreira. Tite recebeu Turra no clube alvinegro por uma semana, em 2013, e lhe mostrou as nuances do trabalho que realizava no então campeão mundial de clubes da Fifa. 

Foi como uma visita ao passado“Desde a época em que trabalhamos juntos, em 2000, ele já era diferente, principalmente no gerenciamento de pessoas. Ele conseguiu montar uma equipe campeã mesmo com meses de salários atrasados. O time tinha qualidade, mas o Tite fez com que a situação financeira delicada não interferisse no nosso desempenho“, revelou Paulo Turra. 

O Tite era muito tranquilo, sereno… Não era muito de levantar a voz, de esbravejar. Dialogava muito com os jogadores sobre questões táticas, olhava no olho de cada um e pedia opiniões. O trabalho de campo dele também era muito bom. O que dá para ver é que, até hoje, ele consegue tirar o máximo de cada um que está sob o seu comando”, acrescentou. 

Os conselhos de Tite seguem frescos na memória de Paulo Turra – ainda que ele tenha parado de jogar há quase dez anosQuando cruzavam a bola na área e não tinha ninguém perto de mim, eu tinha o vício de esperar a bola chegar perto de mim para poder saltar e cabeceá-la. E o Tite me cobrava bastante… Dizia que eu tinha de atacar a bola, porque senão algum rival poderia se antecipar a mim. Eu levo isso comigo até hoje e falo com os meus jogadores“, relembrou. 

Enquanto não estoura como Tite, Paulo Turra vai se preparando para virar um grande um treinador. Vontade para isto, ao menos, não lhe falta. “Sou muito jovem, mas tenho a consciência de que preciso me atualizar, estar em contato com os profissionais mais qualificados do mundo. É isso o que eu tenho buscado atualmente”, finalizou, tendo feito estágios, também, com Luiz Felipe Scolari e Muricy Ramalho.

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