Mais de mil russos se beneficiaram de esquema de doping, aponta relatório final
Mais de mil atletas russos foram beneficiados por manipulações no controle de doping entre 2011 e 2015, num esquema que envolveu uma “conspiração em uma escala sem precedentes” entre federações esportivas, agências antidoping e o próprio governo russo. As conclusões fazem parte do relatório final preparado pelo investigador Richard McLaren, à pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), apresentados nesta sexta-feira.
Antes dos Jogos Olímpicos do Rio, realizados em agosto, seu informe preliminar apontou como o consumo de substâncias proibidas por atletas russos era promovido por programas secretos do governo russo, contando inclusive com o apoio dos serviços de inteligência.
As revelações levaram centenas de atletas e entidades a pedir a suspensão da delegação russa dos Jogos do Rio. Mas a opção do Comitê Olímpico Internacional (COI) foi a de manter a Rússia no grande evento e suspender apenas aqueles que não conseguissem provar que estavam limpos. Na época, McLaren acusou o COI de não entender que o doping era generalizado e organizado pelo estado russo.
Agora, suas conclusões revelam a dimensão do escândalo que envolveu diretamente o ex-ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko. O braço direito do presidente Vladimir Putin não foi autorizado a viajar ao Rio de Janeiro. Mas o Kremlin, ao invés de o demitir, o promoveu para o cargo de vice-primeiro-ministro.
“Esses atletas não agiam individualmente, mas dentro de uma estrutura organizada”, disse McLaren, que chamou o sistema de “corrupto”. “A manipulação de doping ocorreu desde 2011 e em uma conspiração em uma escala sem precedentes”, disse.
“Houve uma sistemática manipulação de controle de doping”, insistiu McLaren. “Mais de mil atletas podem ser identificados como tendo beneficiados de manipulações”, explicou. Nos esportes de verão, esse número seria de pelo menos 600 e os nomes já foram repassados às federações internacionais.
Mais de 500 casos que deveriam ser negativos foram testados como “positivos” nos exames internacionais, permitindo que pudessem competir em provas internacionais e mesmo nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres.
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