Treinos de graça e jogos por nova chance: conheça “time de desempregados” de SP

  • Por Jovem Pan
  • 14/06/2017 16h33 - Atualizado em 29/06/2017 00h23
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Projeto Expressão Paulista Facebook/Reprodução Projeto Expressão Paulista

Daniel Alves, Neymar, Philippe Coutinho, Thiago Silva, Marcelo… São muitos os jogadores brasileiros que têm a vida feita e uma carreira consolidada na Europa. O sucesso, no entanto, é exceção em um esporte tão concorrido quanto o futebol – ainda mais no Brasil, país cuja população é completamente apaixonada pela modalidade mais popular do planeta.  

A concorrência, muitas vezes, é cruel.  

E os números provam isso. 

De acordo com levantamento feito em 2015 pela CBF, 82,4% dos jogadores brasileiros ganham até R$ 1.000,00 por mês. Outros 13,7% faturam entre R$ 1.000,00 e R$ 5.000,00, o que significa que 96,1% dos futebolistas brasileiros têm rendimento mensal de até 5,3 salários mínimos (hoje, o valor do salário mínimo no Brasil é de R$ 937). 

Além disso, não é raro encontrar atletas desempregados, que pagam a conta de um calendário mal elaborado – no total, 138 clubes não disputarão qualquer competição no segundo semestre de 2017, tendo interrompido as suas atividades após os campeonatos estaduais. 

Foi a partir dessas estatísticas que surgiu o Expressão Paulista. Criado há dez anos pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), o Expressão é uma espécie de “time dos desempregados”. Ele oferece estrutura semelhante à de um clube profissional e tem como objetivo dar ritmo e manter a forma de jogadores sem emprego.

O atleta precisa estar em atividade para conseguir se recolocar no mercado. Esse projeto foi idealizado há dez anos pelo (Rinaldo) Martorelli (presidente do Sapesp), e a gente vem trabalhando com os atletas que procuram o sindicato, fazem o cadastro e se inscrevem“, explicou Julio Bonfim, preparador de goleiros do Expressão Paulista, em entrevista exclusiva a Zeca Cardoso, para a Rádio Jovem Pan. 

O time não paga salários e nem faz partidas oficiais – disputa apenas jogos-treino. No entanto, tem comissão técnica fixa, realiza três treinamentos por semana e disponibiliza material esportivo aos atletas. É o suficiente para que eles saiam do ócio, mantenham a forma e ganhem certa visibilidade. 

Mesmo aqueles jogadores que têm condição de frequentar uma boa academia pagar um personal trainer… Eles não conseguem trabalhar em grupo, da forma como o sindicato oferece. Com situações de jogo, fundamentos, coletivos, que é o que um atleta precisa“, argumentou Bonfim. 

O projeto tem dado certo. O atacante Rodrigo Branco, por exemplo, treinou no Expressão Paulista e hoje joga no País de Gales – o seu time, o Bangor City, está classificado para a próxima edição da Europa League. Até mesmo o ex-goleiro do Palmeiras Deola treinou na equipe do sindicato antes de acertar o seu retorno ao futebol profissional e assinar com Juventus, da Mooca. 

Esse é o nosso objetivo (recolocar os atletas no mercado). Nós não somos empresários, não lucramos com negociações, mas os clubes acabam entrando em contato conosco para saber se temos jogadores que se enquadram no perfil que eles procuram”, contou Bonfim. “O futebol é muito dinâmico, e, graças a Deus, temos recuperado muitos atletas“, finalizou.

Detalhes do Expressão Paulista 

Requisitos mínimos necessários:  
– Estar apto para praticar atividade física de alto rendimento (exame médico). 
– Possuir o período mínimo de 6 (seis) meses de registro de contrato de trabalho profissional. 
– Estar inativo no máximo há 1 (um) ano; 
  
Período de Permanência no Projeto: 
– Os atletas permanecerão no Projeto Expressão Paulista no período máximo de 6 (seis) meses. 
– Os atletas poderão retornar ao Projeto se, após 6 (seis) meses, não obtiverem registro em carteira por um período inferior a 3 (três) meses.

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