Vila dos Atletas oferece espaços de oração para 5 confissões religiosas

  • Por Agencia EFE
  • 22/07/2015 18h26
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Álvaro Blanco.

Toronto (Canadá), 22 jul (EFE).- Uma das novidades dos Jogos Pan-Americanos de Toronto é uma espécie de refúgio espiritual para os mais de 6 mil desportistas que nos últimos dias convivem na Vila dos Atletas e que funciona como um espaço de oração para budistas, cristãos, muçulmanos, hindus e judeus.

O Centro Multiconfessional ocupa um espaço preferencial da vila, onde 30 líderes dessas religiões se dividem em três turnos nas 16 horas em que o espaço está aberto para dar apoio a atletas que precisam de conselho, conforto e ânimo.

O reverendo David Wells, coordenador do centro, disse à Agência Efe que as três principais funções desses pregadores são acompanhar na meditação ou na oração, dar apoio em situações de pressão ou nos maus momentos após as provas, e atender vítimas, familiares e amigos no caso de alguma fatalidade durante o Pan.

O próprio Wells teve que ajudar espiritualmente em 2010 após o falecimento do georgiano Nodar Kumaritashvili em um treinamento de trenó nos Jogos Olímpicos de inverno em Vancouver, também no Canadá.

Em nível individual, cerca de uma centena de atletas usa as instalações diariamente, às quais é preciso somar as equipes inteiras que se aproximam antes ou após suas competições.

Inclusive há líderes religiosos que acompanham alguns desportistas para apoiá-los durante as provas, embora o momento de maior presença de atletas seja durante as missas católicas.

O Centro Multiconfessional tem seis ambientes, incluindo pequenas salas para receber conselhos e confissões. O maior desses espaços é o dedicado ao catolicismo, com uma imagem de Nossa Senhora de Guadalajara e 30 cadeiras para assistir a missas, cada uma com exemplares bilíngues do Novo Testamento. Além disso, algumas delegações pediram cópias do livro para entregar a seus atletas.

Os judeus também usam essa sala durante o shabbat. Outra sala é dedicada à religião muçulmana. Na entrada, alguns sapatos indicam que alguém está rezando na seção reservada aos homens.

Weels afirmou essa convivência é uma demonstração de que se pode aceitar e respeitar aqueles que professam outra religião e que isso pode ser um exemplo para as competições esportivas e para todo o mundo.

O pastor argentino Julio Bautista, formado em psicologia e estudos teológicos, revelou que há atletas que usam o centro como refúgio para se afastar das pressões, enquanto outros chegam “destruídos” depois de terem fracassado em seus desafios esportivos após anos de preparação.

“Há outros que depois de terem conquistado uma medalha vêm conversar e nos agradecer porque a conversa lhes fez bem”, disse o religioso, que destacou a vertente humana dos atletas, com “suas pressões e seus momentos difíceis”.

Por sua vez, o reverendo Zen Nio ajuda com os mesmos exercícios de meditação utilizados por desportistas de destaque, como, segundo ele, o astro do basquete Kobe Bryant. E isso é feito em um pequeno cômodo que serve de museu, guardando obras milenares das religiões budista e hinduísta procedentes de Índia, China e Japão, entre outros locais.

As peças servem para os atletas realizarem meditação visual com as quais interiorizam determinação e poder que refletem no campo esportivo, de acordo com explicações do reverendo. “Todos os atletas com os quais trabalhamos tiveram um grande desempenho, e seus sonhos se tornaram realidade”, disse.

A mexicana Demita Vega, prata na classe RS:X da vela, declarou à Efe que é a primeira vez que vê um centro dessas características em Jogos Pan-Americanos e se sentiu atraída a entrar na sala budista e hinduísta.

“Não sei se foi sorte ou não, mas estou muito agradecida porque conheci Zen Nio e depois muitas pessoas boas de seu grupo. É muito motivador, e acho que é exatamente o que precisamos, esse pequeno empurrãozinho motivacional para irmos bem nas competições”, destacou.

A diversidade religiosa também chega à cozinha. Como contou à Efe o responsável de alimentação e dieta, Chris Warner, seu menu inclui refeições especiais para muçulmanos e judeus. EFE

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