Acnur condena protestos contra alojamento de imigrantes na Itália
Roma, 17 jul (EFE).- O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) expressou nesta sexta-feira sua “indignação” pelos protestos cidadãos contra a chegada de imigrantes a alguns centros de amparo da Itália.
Em comunicado divulgado, a Acnur condena, além disso, a “instrumentalização” da intolerância cidadã, que apoiada por “elementos extremistas” da sociedade, “favorece um clima de tensão” contra os que chegam à Europa “fugindo de guerras sangrentas, torturas e perseguições”.
Os protestos públicos no noroeste da Itália e em Roma contra a chegada de uma centena de refugiados que iam ser levados a centros de amparo, tiveram na capital italiana o apoio de uma associação de caráter fascista, CasaPound, segundo informaram os meios de comunicação locais.
A Acnur também advertiu no comunicado que “é perigoso” alimentar a retórica “xenófoba e racista” frente aos refugiados e apontá-los “como a causa do descontentamento dos cidadãos italianos”.
O delegado do Acnur para o sul da Europa, Lauren Jolles, considerou “vergonhoso” dirigir a frustração cidadã contra as pessoas solicitantes de asilo, que “não têm nada a ver com a descontentamento social”.
“Quem foge da guerra e das perseguições não pode ser e nem deve se transformar em bode expiatório”, disse Jolles.
Os protestos públicos ocorreram tanto na cidade de Quinto di Treviso (nordeste da Itália) como em Roma, onde ocorreram enfrentamentos entre cidadãos e ativistas e polícia pelo realojamento de refugiados, que a Itália recebe todas as semanas procedentes de países do norte da África.
Jolles também apreciou “o compromisso das Prefeituras (delegações do governo) a favor dos refugiados”, e pediu que sigam garantindo o direito destas pessoas “à proteção e ao amparo”.
O delegado do Acnur também lembrou que esses direitos são “valores fundamentais da cultura italiana e a europeia”.
O organismo da ONU lembrou que há mais de 60 milhões de refugiados no mundo, e que a Itália acolhe 93,7 mil, o que significa pouco mais de 1 para cada mil pessoas.
Por outro lado outros países, como Suécia ou França, acolhem 142 mil e 200 mil, respectivamente, o que equivale a mais de 2 refugiados cada mil franceses e 14 pessoas refugiadas a cada mil suecos. EFE
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