AI detecta maior insegurança no Afeganistão após saída das tropas da OTAN

  • Por Agencia EFE
  • 24/02/2015 21h32
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Londres, 24 fev (EFE).- A insegurança aumentou no Afeganistão por conta da retirada dos 86 mil militares estrangeiros, prevista para dezembro de 2014 pelo fim do mandato da Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) da Otan, segundo o relatório anual da Anistia Internacional (AI) divulgado hoje.

Embora os Estados Unidos tenham mantido tropas que devem ficar no país até o final de 2015, a Missão de Assistência da ONU no Afeganistão (Unama) denuncia que o número de vítimas civis foi mais alto do que nunca.

Os talibãs e outros grupos foram responsáveis por mais de 74% das vítimas civis, enquanto 9% foram atribuídos às forças pró-governo.

Em 2014, o parlamento e o Ministério da Justiça aprovaram e reformaram várias leis, entre elas o código penal, que proibiam o testemunho de parentes tanto de vítimas como dos responsáveis pelos delitos.

Já que a maior parte da violência de gênero ocorre no seio familiar, essa legislação faz com que seja quase impossível que estes julgamentos prosperem.

Apesar de ter sido aprovada por ambas as câmaras, os protestos de organizações nacionais e internacionais de direitos humanos conseguiram o veto presidencial.

A falta de um vencedor claro nas eleições presidenciais de abril e as acusações de fraude sistemática contra ambos os candidatos em um segundo turno realizado em junho mantiveram o processo eleitoral em ponto morto durante cinco meses.

Após longas negociações e discursos do secretário de Estado americano, John Kerry, e do representante especial da ONU para o Afeganistão, Jan Kubis, os dois candidatos principais decidiram formar o primeiro governo de unidade do país quando foram anunciados os resultados eleitorais em 22 de setembro.

Ashraf Ghani jurou o cargo de presidente em 29 de setembro, com seu rival eleitoral, Abdullah Abdullah, como chefe do Executivo, cargo similar ao de primeiro-ministro.

Entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2014, o número de vítimas civis não participantes das hostilidades chegou a 4.853, mais de 70% causadas pelos talibãs ou outros grupos insurgentes armados.

Este número foi duplicado desde 2009 e representa um aumento de 24% com relação ao mesmo período de 2013. Do total, 1.564 correspondiam a mortes e 3.289 a pessoas feridas.

Por outro lado, a Unama afirmou que os ataques suicidas e a detonação de artefatos explosivos foram os maiores responsáveis pelas vítimas. Os combates terrestres causaram duas de cada cinco vítimas civis, com um total de 474 mortos e 1.427 feridos.

Estes números representam 39% de todas as vítimas civis, o que implica em um aumento de 89% desde 2013.

A Comissão Independente de Direitos Humanos do Afeganistão registrou 4.154 casos de violência contra mulheres apenas durante o primeiro semestre do ano, 25% a mais que no mesmo período do ano anterior.

Além disso, Cabul não investiga os ataques contra os profissionais de comunicação no país, onde, segundo alguns relatórios, duplicou em 2014 o número de jornalistas assassinados. EFE

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