Anúncios de Brasil e China impulsionam negociação sobre clima

  • Por Agencia EFE
  • 27/09/2015 21h21

Mario Villar.

Nações Unidas, 27 set (EFE).- Os compromissos para reduzir as emissões anunciados por Brasil e China deram um novo impulso à negociação de um acordo global contra a mudança climática, mas ainda resta muito a fazer para garantir um bom pacto.

Essa foi a conclusão à qual chegaram neste domingo os líderes deste processo internacional, após reunir-se com 30 chefes de Estado e de governo na sede das Nações Unidas.

“Ainda há muito trabalho”, disse o presidente da França, François Hollande, que presidirá no final deste ano a cúpula na qual deve fechar-se esse acordo internacional.

Segundo Hollande, “as intenções estão aí, as declarações são várias e o que dizem os presidentes dos países mais emissores é promissor”, mas ainda é necessário “acelerar” as conversas para que o resultado final seja satisfatório.

“Eu acredito que é preciso ser otimista”, completou o presidente peruano, Ollanta Humala, cujo país acolheu a última cúpula sobre mudança climática.

Entre outras coisas, Humala citou como elementos positivos o anúncio da estratégia climática da China, o país mais poluente do mundo, a entrega de compromissos para reduzir emissões por parte de mais de 80 países e a arrecadação de mais de US$ 10 bilhões para o Fundo Verde para o clima.

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou nesta semana durante uma visita em Washington que iniciará em 2017 um sistema nacional de comércio de direitos de emissão de CO2, com o qual espera dar um passo decisivo na luta contra a mudança climática.

Xi se comprometeu também a criar um novo fundo com uma dotação de US$ 3,1 bilhões para ajudar países pobres a combater o aquecimento global.

Por sua vez, em discurso na ONU, a presidente Dilma Rousseff antecipou hoje que o Brasil levará a Paris o compromisso de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 37% até 2025, usando como base os níveis de 2005.

Além disso, garantiu que sua meta é cortar as emissões em 43% até 2030, partindo da mesma base de 2005.

Com o objetivo de garantir um bom acordo em Paris, Hollande afirmou hoje que pedirá que os chefes de Estado e de governo estejam na cúpula de Paris desde o dia de sua abertura, 30 de novembro, ao invés de somar-se mais adiante como é habitual neste tipo de evento.

A meta, segundo disse, é que quando se encerre a reunião em 11 de dezembro o mundo disponha de uma ferramenta que garanta que a temperatura do planeta não subirá mais de 2 graus centígrados no final de século.

“Não se trata de discutir meio grau por prazer, para alguns países e povos é vital”, considerou Hollande, lembrando que para algumas ilhas o aquecimento global pode representar o desaparecimento.

Tanto o presidente francês como Humala urgiram a todos os países que não apresentaram seus compromissos nacionais sobre clima a que o façam o mais rápido possível.

“Não podemos ficar esperando até o último momento”, afirmou o peruano, que espera conseguir progressos para o financiamento das medidas contra a mudança climática em reunião ministerial que seu país receberá em outubro.

Hollande assegurou que esse é um dos pontos que precisa ser fechado nas negociações e defendeu também a necessidade de que o acordo final conte com um “mecanismo de revisão” que garanta que os compromissos sejam cumpridos e que novas medidas sejam adotadas caso o rumo não seja o adequado.

“A humanidade tem a oportunidade de construir a aliança maior, mais forte e mais poderosa que nunca se fez na história do planeta. Essa é a luta para preservar nosso planeta”, concluiu Humala. EFE

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