Ao mestre com carinho

Seo Tuta 84 anos

Comecei a carreira na Jovem Pan, em 1999, mas só passei a ter contato com o Seo Tuta em 2004. Minha minha vida de jornalista mudaria completamente naquele momento. Minha mãe sempre exigiu que respeitasse as pessoas com mais idade e a hierarquia, a começar com ela própria, claro. E isso me gera certo respeito excessivo, às vezes até medo destas figuras. De 1999 até 2003, meu contato com o Seo Tuta era apenas cumprimentos no elevador.

E ele não era uma pessoa de você ter medo, não era um cara que dava esculacho em funcionário, mas sei lá, não conseguia nem olhar direito pra ele. Em 2004, ele me procurou numa segunda-feira e disse “Garoto, a partir de sábado você vai ter um programa entre as 5h30 e 6h00, o horário não é uma grande coisa, mas você está começando e vai apresentar”. Perguntei como era o programa e ele respondeu: “não sei, crie e eu escuto no sábado”. Fiquei bem aflito e perguntei : mas e o nome? Ele respondeu: “inventa umas três ou quatro opções”. E  eu já tinha uma sugestão e ele aceitou. Ficou Jogou Rápido. Após alguns meses, eu virei o repórter da Pan na Fórmula 1 e passei a ter contato com ele diretamente porque tudo que girava na cobertura da F-1 .

Sempre gostei muito do Seo Tuta, que é um ótimo chefe, muito humano. Ele gosta de ver os funcionários crescendo, as famílias bem, mas nunca te fazia refém desta situação. 

Uma vez ele me deu aumento e pela primeira vez, eu vi que poderia fazer alguma coisa na vida, porque tinha 24 anos e ainda não tinha um carro. E espontaneamente chorei e agradeci. Ele apenas respondeu: “Rapaz não precisa chorar e não precisa me agradecer, esse aumento é o que você gera para a minha empresa. A fonte está aí, não aqui”. Qualquer um poderia querer de certa forma até aumentar sua gratidão, te deixar refém de sua “benevolência”, mas ele quis passar para mim o crédito daquilo. Achei bastante nobre e aprendi a valorizar mais meu trabalho.

Posso ter chefe igual, mas melhor eu acho bastante improvável.