Após inumeráveis avanços e retrocessos, tudo pronto para início de Genebra 2
Isabel Saco
Montreux (Suíça), 21 jan (EFE).- Após inumeráveis avanços e retrocessos no terreno diplomático, e tendo como plano de fundo uma guerra civil que cada vez aumenta mais em níveis de horror, está tudo pronto para o início amanhã, quarta-feira, em Montreux, na Suíça, da conferência de paz para a Síria, conhecida como Genebra 2.
As dúvidas sobre sua realização persistiram até esta tarde, a menos de 24 horas da abertura, por causa da crise causada pelo convite feito pela ONU ao Irã para que participasse da conferência, o que provocou uma reação negativa dos Estados Unidos e levou a oposição a ameaçar não comparecer a Montreux.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, não teve outro remédio além de se retratar e retirar o convite ao governo de Teerã, decisão que foi acompanhada horas depois pelo anúncio da oposição síria da composição de sua delegação.
Pela primeira vez, o governo de Bashar al Assad aceita participar do processo com a oposição, concedendo a ela o status de interlocutora política legítima e abrindo a porta para uma possível solução ao conflito.
As delegações dos 39 países convidados, entre eles Espanha e México, para as conversas de paz começaram a chegar ao hotel Montreux Palace onde se hospedarão e em frente ao qual, em um edifício que funciona como um de seus anexos, acontecerá amanhã a conferência.
Ela começará com um discurso do presidente da Suíça, país anfitrião, Didier Burkhalter, seguido por Ban Ki-moon e os chefes da política externa dos Estados Unidos, John Kerry, e da Rússia, Sergei Lavrov.
Em seguida tomarão a palavra os chefes das delegações do governo sírio, o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem; e o principal dirigente da aliança de oposição, conhecida como Coalizão Nacional Síria (CNFROS), Ahmed Yarba.
Ao longo do dia os ministros dos outros países farão seus discursos até as 16h (de Brasília), quando se espera que comecem as entrevistas coletivas, incluídas a do secretário- geral da ONU.
Esta noite, Ban Ki-moon se reunirá em Montreux com os ministros das Relações Exteriores da Rússia e dos EUA em um último encontro prévio de coordenação, em que falarão sobre a participação destes países no processo negociador, explicaram fontes diplomáticas.
As negociações diretas entre o governo e a oposição começarão na sexta-feira na sede da ONU em Genebra, com a intermediação do diplomata argelino Lakhdar Brahimi.
Segundo fontes próximas ao processo, a expectativa é que essas negociações durem entre sete e dez dias, e que tenham a assessoria de analistas russos e americanos.
Completada a primeira rodada de negociações acontecerá um recesso antes de a segunda série de encontros ser convocada, de acordo com os planos existentes hoje.
Apesar da participação em Genebra 2 implicar a aceitação comum que sua finalidade é a constituição de um órgão de governo transitório com todos os poderes executivos, incluído sobre as forças policiais e militares, quem está envolvido de perto no processo diplomático preliminar mostra pouca esperança que isto seja alcançado.
Analistas e diplomatas ressaltam que a única coisa que pode se esperar desta primeira rodada de negociações é um acordo em favor do acesso humanitário à população afetada pelo conflito, principalmente nas áreas sitiadas.
Outro aspecto em que pode haver um resultado concreto tem a ver com a libertação e troca de prisioneiros, uma possibilidade sobre a qual Assad se pronunciou a favor recentemente.
A entrega do poder pelo presidente sírio, cuja família dirige o destino da Síria há mais de 40 anos, como exige a oposição, parece por enquanto um objetivo muito difícil de se conseguir. EFE
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