Aquário de SP ganha casal de coalas

  • Por Estadão Conteúdo
  • 01/09/2016 09h56
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Wikimédia/divulgação Coala

Foram quatro anos de negociações com instituições australianas e, finalmente, na próxima sexta-feira, 2, serão apresentados ao público os dois primeiros coalas a viver em solo brasileiro. Princesa Julie e Rei Billy vieram do zoológico Darling Downs, de Queensland, na Austrália, e há duas semanas passam por aclimatação no Aquário de São Paulo, no Ipiranga, zona sul da capital.

“Adaptaram-se bem ao novo recinto. Alimentaram-se já na primeira noite em que chegaram. O processo foi tranquilo”, conta a veterinária Laura Reisfeld, que acompanha os animais. Para conseguir trazê-los, o Aquário de São Paulo precisou cumprir uma série de exigências da legislação brasileira – e, por condição imposta pelo zoológico cedente, também da lei australiana. 

“O recinto tem eucaliptos frescos o tempo todo (único alimento da espécie) e há um controle para que a temperatura nunca exceda os 30°C, para não deixá-los incomodados”, afirma Laura. A quem for visitá-los, uma observação relevante: é bem possível que eles estejam dormindo. O coala é um animal que tem cerca de 20 horas por dia de sono – nesse ponto, lembra muito o bicho-preguiça da fauna brasileira.

Julie e Billy já nasceram em cativeiro. “Na verdade, seus pais e avós também”, acrescenta a veterinária. Eles chegam ao País com 4 anos de idade, no início da maturidade sexual. Há uma expectativa, portanto, de que a partir do ano que vem já consigam se reproduzir. “A fêmea costuma ter um filhote por ano. E, quem sabe, então, teremos os primeiros coalas nascidos no Brasil”, vislumbra Laura. 

Trâmites 

Apesar de se chamar Aquário de São Paulo, atualmente a instituição privada do Ipiranga abriga mais do que peixes. Desde que foi inaugurado, em 2006, o espaço não para de crescer. Hoje são cerca de 250 espécies diferentes, entre morcegos, pinguins, cangurus, suricatas, cobras e até uma preguiça. 

No ano passado, o Aquário enfrentou uma polêmica por causa de um casal de ursos polares – que, desde dezembro de 2014, ocupa um recinto especial da instituição. Ambientalistas organizaram diversos protestos na frente do prédio, pedindo que os bichos fossem devolvidos ao seu hábitat natural. Mas a administração do zoológico defende-se alegando que cumpre todas as exigências para proporcionar um relativo bem-estar ao animal em cativeiro.

Assim como no caso dos ursos, o trâmite burocrático dos coalas também passou por crivos do governo. No Brasil, é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que normatiza a construção de recintos para animais em cativeiro. Esses espaços são avaliados por uma comissão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado. 

O Aquário precisa, portanto, entregar todas as documentações pertinentes e adequar suas instalações a cada novo animal que recebe. Então, uma equipe técnica do Departamento de Fauna do Estado de São Paulo analisa o recinto, o cambiamento, a segurança do estabelecimento e o manejo dos animais. Aspectos sanitários e nutricionais também são avaliados. 

Ambiente

No caso dos coalas, o governo australiano também solicitou informações sobre a participação do estabelecimento em projetos de conservação, conscientização e educação ambiental. Desde 2014, o Aquário de São Paulo mantém, no interior, uma plantação de diversas variedades de eucalipto para conseguir variar a dieta dos coalas ao longo do ano – o cultivo é supervisionado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais. Billy pesa 7 quilos e Julie, 5. Cada um come de 250 a 500 gramas de folhas de eucalipto por dia. 

O Aquário emprega 36 profissionais apenas para o manejo dos bichos, entre biólogos, veterinários e tratadores, além de 22 educadores ambientais.

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