Assange será interrogado em Londres por investigação na Suécia
Copenhague, 16 abr (EFE).- O fundador do Wikileaks, Julian Assange, deu nesta quinta-feira consentimento formal para ser interrogado na embaixada do Equador em Londres, onde está asilado há três anos, pelo caso aberto contra ele há quase cinco na Suécia, onde é acusado de crimes sexuais.
Um dos advogados do jornalista australiano, Thomas Olsson, confirmou que enviaram hoje à promotora superior responsável pelo caso na Suécia, Marianne Ny, uma confirmação escrita atendendo ao pedido feito há dois meses.
A promotoria tinha negado até então essa possibilidade, alegando que as leis suecas exigem que o interrogado esteja no país durante a investigação preliminar deste tipo de crime.
Mas o prazo de prescrição do crime, este ano, fez com que Ny mudasse de ideia. “Esta é uma medida que pedimos durante vários anos, estamos contentes que a promotora tenha chegado ao mesmo parecer”, disse hoje Olsson à agência sueca “TT”.
Olsson negou que sua defesa tenha reivindicado o acesso a todo o material da investigação e se mostrou esperançoso de que o interrogatório de Assange, refugiado na Embaixada do Equador desde 2012 por medo de ser extraditado da Suécia para os Estados Unidos, comece o mais rápido possível.
A defesa de Assange tinha iniciado no meio do ano passado uma ofensiva nos tribunais suecos para pedir que a ordem de prisão preventiva determinada em 2010, origem de todo o processo, fosse suspensa.
O pedido foi rejeitado em duas instâncias, que justificaram a decisão pela gravidade dos fatos e pelo risco de Assange querer se esquivar do processo legal e de uma hipotética pena, ressaltando, além disso, que ele mesmo podia pôr fim a sua clausura na embaixada.
Mas no parecer publicado em novembro, que ainda aguarda revisão do Supremo após um recurso, o tribunal também criticou a promotora pela paralisia do processo e por não oferecer soluções alternativas.
Assange é procurado por quatro supostos delitos contra duas mulheres, o que ele nega, quando visitava a Suécia em agosto de 2010, mas nunca chegou a ser formalmente acusado.
O processo esteve rodeado de polêmica, da solidez das denúncias e os motivos das litigantes, com vazamentos à imprensa, substituições de promotores e uma reabertura do caso que tinha sido inicialmente reduzido a um delito menor.
Assange foi detido em Londres em dezembro de 2010, quando começou um longo processo judicial no Reino Unido, que culminou com o Supremo britânico negando seu último recurso em junho de 2012.
O Equador concedeu então asilo político ao jornalista para evitar o risco de ele ser extraditado aos EUA, onde poderia enfrentar um julgamento militar por causa do vazamento de informação confidencial, divulgada no Wikileaks. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.