“Faltam oito assinaturas para abrir CPI da merenda”, diz líder de estudantes na Alesp

  • Por Jovem Pan com Estadão Conteúdo
  • 04/05/2016 08h14
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SP - ESTUDANTES/PROTESTO/ALESP/MADRUGADA - GERAL - Estudantes passam a madrugada desta quarta-feira, 04, no prédio da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na região do Ibirapuera, zona sul de São Paulo, como protesto para a criação da CPI da Merenda e contra o fechamento de salas de aula. O local foi ocupado na tarde da terça- feira, 03. 04/05/2016 - Foto: MARIO ÂNGELO/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO MARIO ÂNGELO/SIGMAPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Estudantes improvisam para dormir durante a madrugada desta quarta-feira

Continua ocupada por estudantes o plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

A presidente da União Estadual dos Estudantes, Flavia Oliveira, disse que esse foi o último recurso dos manifestantes que querem a abertura da CPI para apurar a máfia da merenda no estado. “Há uns três meses mais ou menos, a gente vem fazendo ações consecutivas com os deputados para que els possam assinar a CPI”, diz Flavia.

“Até que ontem (terça, 3) a gente decidiu que não havia mais ação que a gente pudesse fazer do lado de fora que os pressionasse a assinar a CPI. Então a gente resolveu ocupar a Alesp para que eles pudessem se sentir pressionados a assinar. Só faltam oito assinaturas”, afirma Flavia, que entende ser “possível provocar uma reflexão” nos deputados estaduais.

Como há 5 Comissões parlamentares já instauradas, são necessárias 32 assinaturas para que uma sexta CPI, em caráter extraordinário, seja aprovada.

O deputado João Paulo Rillo (PT) acusou os colegas parlamentares de atrasar o andamento da Alesp. “As comissões não dão quórum, pedem vistas dos requerimentos convocatórios”, diz. “A Casa parou desde que veio a público o escândalo da máfia da merenda”.

Madrugada

Funcionários tinham dificuldades para iniciar sua jornada de trabalho na manhã desta quarta (4) e policiais restringiam a entrada inclusive de jornalistas na Assembleia. Estão bloqueados o portão principal e o portão lateral da Alesp. Apenas o portão traseiro da Assembleia permanece aberto.

Não houve conflito na madrugada entre os estudantes e o forte aparato policial que cerca o prédio legislativo.

O plenário da Alesp foi ocupado na terça-feira, 3, por cerca de 70 estudantes dos ensino médio e técnico da rede estadual em ato pela instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de desvio de recursos da merenda. O grupo invadiu o local às 17h15, durante uma sessão, e expulsou aos gritos os poucos deputados presentes.

O tenente-coronel Reinaldo Priell Neto, chefe da Assessoria Militar do Legislativo, afirmou que deputados do PT facilitaram a entrada do grupo no plenário da Casa. Imagens de celular mostram o deputado João Paulo Rillo (PT) empurrando um PM que tentava conter a ocupação no fim da tarde. “Ainda não falei com ele para saber o que aconteceu. Mas dizer que o PT participou disso é uma calúnia e quem disse terá de provar”, afirmou o líder do partido, Zico Prado.

Reclamações

Os estudantes estenderam faixas com os dizeres “Alesp Ocupada” e “CPI da Merenda Já”, subiram em mesas e cadeiras usadas pelos deputados e montaram uma barraca na frente do espaço reservado à Mesa Diretora da Casa. “Nossa única reivindicação é que se instaure uma CPI para apurar os desvios do ladrão de merenda, que se investigue a falta de comida nas escolas estaduais e nas técnicas”, disse o estudante Daniel Cruz, diretor da União dos Estudantes Estaduais (UEE).

Desde o dia 20, estudantes de escolas técnicas se mobilizam para cobrar a adoção de merenda em todas as Etecs. Já o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), é acusado de participar da máfia da merenda investigada pela Operação Alba Branca, comandada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE). O tucano, suspeito de receber propina de cooperativas que fornecem merenda para o Estado, não estava no plenário no momento da invasão dos estudantes. Mais tarde, ele recebeu uma comissão de estudantes e garantiu acesso ao banheiro e a água durante a ocupação.

O deputado Coronel Camilo (PSD), que se declarou contrário à abertura da CPI, disse que seriam necessárias mais sete assinaturas para a abertura da investigação. “O caso já está sendo investigado pela polícia e pelo Ministério Público”, afirmou o parlamentar, ex-comandante-geral da PM. Ele declarou que os estudantes danificaram material da Casa. Funcionários relataram que mesas e computadores foram quebrados. Os estudantes negaram.

Até as 21h30, a bancada do PT na Alesp conseguiu reunir 25 assinaturas das 32 necessárias para protocolar o pedido de CPI. A Assembleia tem 94 deputados, dos quais 76 fazem parte da base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Atualmente, existem cinco CPIs em funcionamento na Casa, entre elas uma que investiga a obesidade infantil e outras duas que apuram invasões de terrenos e a epidemia de crack no Estado.

Lentidão

O deputado Capez disse que a investigação do caso da merenda anda em um ritmo mais lento do que ele desejava. “Sou o principal interessado nessa investigação. Fui eu quem pediu essa investigação”, afirmou. O deputado alegou também que ele mesmo já assinou o pedido de abertura da CPI. O parlamentar já teve os sigilos bancários e fiscal quebrados pela Alba Branca.

Legalmente, é Capez quem deve pedir reintegração de posse à Justiça. Ele afirmou que terá uma conversa com os estudantes, mas fará o pedido. “Tropa de Choque, quando entra, sempre tem consequências. Se fizermos profissionalmente, faremos. A PM já fez reintegrações mais complicadas e não houve problemas.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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