Atividade da indústria brasileira cresce em agosto e retorna aos níveis pré-crise

Indicativos de evolução da produção e da empregabilidade registram novas altas consecutivas; confiança dos empresários e previsão para investimentos também crescem

  • Por Jovem Pan
  • 22/09/2020 10h01 - Atualizado em 22/09/2020 13h18
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Amanda Perobelli/Reuters Apesar da disparada do PIB no terceiro trimestre, analistas prevem queda histórica da economia brasileira em 2020

A indústria brasileira recuperou os índices pré-crise do novo coronavírus em agosto, e pelo terceiro mês consecutivo registrou alta nos indicadores de produção, revelou a Sondagem Industrial divulgada na manhã desta terça-feira, 22, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A utilização da capacidade instalada (UCI) chegou a 71% em agosto e colocou a atividade industrial brasileira nos níveis anteriores à recessão econômica causada pela pandemia da Covid-19. A UCI do mês passado supera a de agosto de 2019 em 2 pontos percentuais e é a maior para o mês desde a crise iniciada em 2014, quando registrou pico de 72%. Já o nível de evolução produtiva alcançou 58,7 pontos em agosto, ante 59,4 em julho e 52,8 em junho.  O indicador varia de 0 a 100, e valores acima de 50 pontos indicam expectativa de crescimento.

A empregabilidade no setor, que foi o mais atingido pela retração histórica de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, também teve o segundo mês seguido de evolução e chegou aos 53,8 pontos em agosto, ante 50,9 em julho. É o maior da série histórica mensal, iniciada em janeiro de 2011, o que mostra elevação significativa do número de empregados. É preciso levar em consideração, contudo, que o emprego estava em nível muito baixo. Em abril, o índice havia mostrado forte queda do número ao registrar 38,2 pontos.“O índice já havia superado a linha divisória de 50 pontos em julho mas, ao se afastar da linha, revela alta mais significativa e disseminada do emprego industrial”, afirma Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI.

A confiança no setor também manteve viés de alta. O otimismo do empresário vem sendo impulsionado tanto pela recuperação da economia, como pelo
início do período sazonalmente mais favorável à produção industrial. O índice de expectativa para a demanda em setembro aumentou 1,7 ponto, e foi para 63,1 pontos, o melhor resultado para o índice em mais de 10 anos. O índice de expectativa de compras de matérias-primas também aumentou 1,9 ponto, e foi para 60,6 pontos. A última vez que o índice havia superado 60 pontos foi em agosto de 2010. O índice de expectativa de número de empregados foi de 54,8 pontos. O
índice é o maior desde abril de 2011. A expectativa de exportação aumentou 3,0 pontos e atingiu 55,4 pontos. O interesse de novos investimentos também solidificam a expectativa de permanência dos índices em patamar elevado. Em setembro, o indicador de intenção de investimento cresceu pelo quinto mês consecutivo e atingiu 55,3 pontos, avanço de 4,3 pontos frente a agosto. Desde maio, o indicador acumula crescimento de 18,6 pontos. Apesar de o indicador ainda não ter retomado o nível de fevereiro, de 58,7 pontos, o resultado atual é maior do que a média histórica do indicador, de 49,5 pontos, e do registrado em
setembro de 2019, 53,5 pontos.

Apesar do aumento, os estoques do setor seguem em queda e em nível abaixo do planejado. O índice de evolução dos estoques registrou 46,3 pontos em
agosto, nova queda, ainda que menos intensa do que em julho, quando bateu 45,5 pontos. Desde abril, os estoques vêm registrando queda. O indicador de estoque efetivo em relação ao planejado de agosto ficou em 24,2 pontos, abaixo da linha dos 50 pontos, apontando que os estoques seguiram inferiores ao esperado pelos empresários industriais. A produção de equipamentos de informática, móveis, veículos automotores, máquinas e equipamentos, plástico, têxteis, metalúrgica, borracha e máquinas, aparelhos e materiais elétricos foram os com maior crescimento em agosto, todos com índices acima dos 60 pontos. No outro extremo, os segmentos de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, produtos farmoquímicos  e farmacêuticos, além da indústria extrativa, registraram as maiores baixas.

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