Áustria e Hungria trocam duras acusações sobre crise dos refugiados
Budapeste, 12 set (EFE).- O governo da Hungria qualificou neste sábado de “calúnias inconscientes” as declarações do chanceler da Áustria, Werner Faymann, nas quais comparou a postura de Budapeste na crise dos refugiados com as épocas mais obscuras da Europa.
“O alvoroço de Werner Faymann de hoje superou toda tolerância”, afirmou o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto, em entrevista à agência “MTI”.
Em entrevista publicada hoje pela revista alemã “Der Spiegel”, o primeiro-ministro austríaco assinala que a política do premiê húngaro, Viktor Orbán, no tema dos refugiados lhe lembra “a época mais escura da história” europeia.
Faymann acusa Orbán nessa entrevista de atuar de forma irresponsável quando diz que todos os refugiados são “imigrantes econômicos”.
Neste sentido, Szijjarto reiterou que a Hungria cumpre com todas suas obrigações comunitárias e acusou os políticos que, como o chanceler austríaco, criam com suas declarações “ilusões falsas” nos quais considera imigrantes econômicos.
O ministro húngaro opinou que Faymann se expressou assim para conseguir mais apoio político em seu país, em alusão às eleições regionais que acontecerão em Viena e outras regiões da Áustria.
As relações diplomáticas entre Hungria e Áustria ficaram abaladas nas últimas semanas e os dois países se acusam mutuamente de não cumprir com as obrigações que derivam do Tratado de Schengen, que regula a livre circulação em 26 países do continente.
Nas últimas semanas milhares de refugiados que entraram na Hungria a partir Sérvia seguiram em direção à fronteira austríaca, pondo a toda prova a capacidade de resposta das autoridades.
A Áustria se viu obrigada a cortar temporariamente o tráfego na estrada procedente da Hungria devido à presença de refugiados que caminhavam por ela e também a interromper a circulação de trens para a Hungria, devido à saturação do sistema ferroviário.
Em suas declarações à “Der Spiegel”, Faymann chegou a propor que a UE estabeleça sanções para países que não cumpram os princípios de solidariedade.
A Hungria realiza o registro e a identificação dos refugiados que entram em seu território, cumprindo a legislação comunitária, mas foi acusada por governos e ONGs de maltratar os que chegam no processo, impedindo sua passagem e internando-os em campos de amparada.
Os governos da Áustria e da Alemanha, por outro lado, decidiram abrir suas fronteiras e facilitar sem nenhum tipo de controle a chegada e o trânsito dos refugiados que, majoritariamente, querem entrar em território alemão. EFE
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