Adams diz que deve participar de defesa de Dilma com “atuação técnica”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 17/06/2016 18h00
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EFE Dilma Rousseff - EFE

O antigo advogado-geral da União do governo Dilma Rousseff, Luis Inácio Adams, avalia que a delação de Sérgio Machado, que envolveu uma série de nomes próximos ao grupo político de Michel Temer, “arrefeceu o processo” que se esperava com relação ao governo do peemedebista. O advogado disse ainda que deve participar do processo de defesa de Dilma no Senado com uma “atuação técnica”.

“Sergio Machado arrefeceu o processo que se esperava nessa transição. Tentou se jogar à presidente Dilma a responsabilidade pela crise. Que ela não respeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal, que não soube conduzir o processo com a relação com o Congresso. Em suma, isso não se confirmou”, disse Adams, ao comentar a delação, que mostra que o esquema de financiamento irregular de campanha é muito mais amplo que o governo anterior de Dilma Rousseff.

A afirmação foi feita durante o Brazil Forum 2016, evento organizado pelos alunos da London School of Economics e a Universidade de Oxford. Sobre o processo de impeachment no Senado, Adams disse que deve participar da defesa de Dilma com “uma opinião técnica, um testemunho técnico”.

Adams deve participar da defesa especificamente sobre o caso das pedaladas fiscais. O ex-AGU comentou ainda a abertura de uma sindicância do atual titular da AGU contra o ex-advogado-geral da União José Eduardo Cardozo, Adams disse que “achou a iniciativa desnecessária”.

“O AGU é um advogando defendendo o processo de impeachment. Eu posso concordar ou discordar dos argumentos, mas acho que não precisava.” Apesar da crise política, Adams diz estar otimista com a atual situação política do Brasil. “Muitos perguntam se estamos no pior ou no melhor momento. Acho que este é o melhor momento. Vivemos uma experiência democrática única na sua história”, disse Adams.

Ele argumenta que o maior engajamento da população é algo que fortalece a democracia. “Há possibilidade de profunda mudança da relação com o eleitor que está reconquistando a representatividade.” Adams reconhece, porém, que há problemas na representação política e sugere, entre outras coisas, o fim do financiamento privado das campanhas eleitorais.

O ex-AGU diz que uma das razões para o problema da representação é a elevada fragmentação partidária. Ele deu como exemplo o partido que deveria representar as mulheres, mas tem como representante um homem. “Temos uma relação utilitária”, diz. Outro problema que precisa ser resolvido é o financiamento de campanha, que precisaria ser completamente repensada. Apesar disso, ele reconhece que esse mesmo Congresso aprovou todo o arcabouço vital para o processo de combate à corrupção visto atualmente.

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