Após crítica de Crivella sobre PM, Witzel manda retirar escolta pessoal do prefeito

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2019 15h45
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Tomaz Silva/Agência Brasil Marcelo Crivella Decisão aconteceu depois de Crivella criticar corporação e dizer que "Rio de Janeiro é uma esculhambação completa"

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, mandou retirar os 27 homens da Polícia Militar que faziam a escolta pessoal do prefeito do Rio, Marcelo Crivella. A decisão foi publicada na manhã desta quinta-feira, 21, no Diário Oficial do Estado.

A ordem de Witzel foi dada depois que o prefeito fez críticas à PM, acusando a corporação de corrupção, entre outras coisas.

Durante um evento para 80 servidores na Fundação Parques e Jardins, Crivella afirmou que a cidade que ele governa é “uma esculhambação completa”. E, entre outras críticas, acusou policiais militares de corrupção.

“Quando o político rouba e fica rico, o comandante do batalhão também quer ficar rico. O coronel quer ficar rico. O tenente, o sargento, querem ficar ricos. Aí, eles sobem o morro para pegar o arrego”, discursou o prefeito na reunião. “O arrego é o troco da cocaína.”

Desde então, prefeito e governador entraram numa onda de críticas.

Em vídeo divulgado na tarde de quarta-feira, 20, Wilson Witzel saiu em defesa da PM, embora não tenha citado Crivella nominalmente. O governador foi eleito com forte apoio das polícias civil e militar.

Em nota, o secretário de Polícia Militar, coronel Rogério Figueiredo de Lacerda, reagiu, indignado, garantindo que não há instituição tão rigorosa contra os malfeitos do que a PM.

“Lamentável e inacreditável que o Prefeito do Município do Rio de Janeiro – uma cidade com problemas tão sérios a resolver – seja capaz de proferir declarações tão absurdas durante uma reunião pública”, afirmou.

“Não admito, não aceito qualquer tipo de declaração leviana que coloque em dúvida a integridade moral da atuação de nossos comandantes, oficiais e praças. Os resultados estão mostrando que não temos relação com nenhuma organização de atividade criminosa”, disse Witzel. “Tráfico de drogas, milícia, todos estão sendo combatidos com rigor. Manifesto meu repúdio a declarações em sentido contrário. Tem o meio apoio, a minha confiança e a nossa força policial merece respeito. Força e honra.”

Ainda na tarde de quarta-feira, 20, foi proposta na Assembleia Legislativa do Rio, pelo deputado Alexandre Knoploch (PSL), uma moção de repúdio, assinada por 36 parlamentares, contra as declarações do prefeito. A moção foi firmada por mais da metade dos parlamentares, entre eles, até mesmo, deputados do PSOL, como Eliomar Coelho, e do PCdoB, Enfermeira Rejane.

“Nós que somos cariocas temos muito a lamentar pelas declarações do Prefeito”, afirmou Knoploch. “Ele vive em um mundo paralelo. Conseguiu acabar com as poucas iniciativas boas que tínhamos no município e não implementou nada que propôs em campanha. Já passou da hora de ele realmente cuidar das pessoas.”

Em entrevista na manhã desta quinta-feira, 21, Witzel confirmou a retirada dos PMs, mas afirmou que a medida poderia ser revertida por conta da retratação pública de Crivella, que voltou atrás nas declarações e disse que apenas “poucos PMs são corruptos”. Segundo Witzel, Crivella ligou para ele nesta manhã para dizer que suas declarações teriam sido descontextualizadas.

“É preciso que as instituições se respeitem. Declarações como essas não ajudam o estado democrático de direito”, disse o governador.

Ao justificar o afastamento dos PMs da segurança do prefeito, Witzel afirmou: “A Polícia Militar tem que ter credibilidade como um todo, se você não acredita numa instituição ela não pode estar ao seu lado.”

E ainda: “A instituição está carente de policiais, o comandante entendeu que seria o caso de chamar de volta esses policiais. Mas estou conversando com ele no sentido de reverter essa decisão em função da retratação de Crivella”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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