Ministros depõem em inquérito sobre interferência de Bolsonaro na PF

Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) prestam depoimento na tarde desta terça-feira

  • Por Jovem Pan
  • 12/05/2020 16h28 - Atualizado em 12/05/2020 16h29
Reprodução Segundo Moro, eles estavam presentes na reunião ministerial do dia 22 de abril, onde Bolsonaro teria dito que iria "interferir em todos os ministérios"

Os ministros Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) depõem na tarde desta terça-feira (12) no âmbito da investigação sobre suposta tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Os três militares próximos do presidente foram listados pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como testemunhas de ameaças proferidas por Bolsonaro contra o ex-ministro caso ele não concordasse com a troca da direção-geral da PF.

Agendadas para as 15h, as oitivas serão realizadas simultaneamente no Palácio do Planalto e marcam o segundo dia de depoimentos agendados pela PF por determinação do ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). As audiências foram autorizadas, por sua vez, com base em pedido feito pelo procurador-geral da República Augusto Aras após o depoimento de mais de oito horas prestado por Moro no último dia 2.

Nesta segunda (12), foram ouvidos o ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, o diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem e o ex-superintendente da PF do Rio de Janeiro Ricardo Saadi.

Segundo Moro relatou à PF, os três ministros ouvidos nesta terça participaram de duas reuniões em que o presidente Jair Bolsonaro o pressionou para trocar o comando da Polícia Federal.

Um desses encontros ocorreu no dia 22 de abril, cuja gravação foi entregue pelo Palácio do Planalto ao Supremo na sexta (8), e exibida a um grupo restrito de autoridades nesta terça exatamente para orientar a formulação de perguntas para os depoimentos que serão colhidos na presente semana.

De acordo com Moro, na ocasião, Bolsonaro teria dito que iria “interferir em todos os ministérios” e que, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, “trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça”.

No dia seguinte, 23 de abril, ao ser informado pelo presidente que Maurício Valeixo seria exonerado do cargo, Moro se encontrou com Braga Netto e Augusto Heleno para informar os motivos pelos quais não aceitaria a substituição e declarou que deixaria o governo falando a verdade sobre a troca.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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