Banco Central vai promover mutirão para que clientes renegociem suas dívidas

Eles também passarão por cursos de educação financeira

  • Por Jovem Pan
  • 20/11/2019 20h13
Edilson Rodrigues/Agência Senado Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central O presidente do banco, Roberto Campos Neto, disse que o BC lançará, até o fim do ano, um plano para reduzir os juros do cheque especial das pessoas físicas

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, anunciou nesta quarta-feira (20) que vai promover um mutirão antes do final do ano para que os clientes renegociem suas dívidas. Em audiência pública na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, ele explicou que o mutirão estará atrelado a cursos de educação financeira.

Segundo Campos Neto, as agências deverão funcionar além do expediente normal para essa renegociação. Em contrapartida, os clientes passarão por cursos para aprender a administrar o orçamento pessoal e a evitar linhas de crédito com juros elevados, como as do cheque especial e do cartão de crédito rotativo.

Com isso, ressaltou, os clientes poderão limpar o nome antes das compras de fim de ano. Campos Neto disse que a instituição pretende repetir esse tipo de ação em 2020, aliando a educação financeira à concessão de crédito com juros mais baixos, por meio de um sistema de pontuação semelhante ao dos programas de fidelidade.

“Queremos fazer ações junto com os birôs de crédito. Quem fizer o curso, acabará tendo uma classificação de crédito superior atrelado ao ganho de pontos que gerem desconto em produtos financeiros. Porque quem tem mais educação financeira, tem menos inadimplência”, explicou.

Pagamentos instantâneos

Na audiência pública, Campos Neto também anunciou que o BC pretende lançar, até o fim do próximo ano, um sistema instantâneo de pagamentos que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana e será uma alternativa à Transferência Eletrônica Disponível (TED) e ao Documento de Ordem de Crédito (DOC), que não funcionam de forma instantânea.

Atualmente, o valor transferido por DOC só chega à conta do destinatário no dia útil seguinte ou dois dias úteis depois, para transações após as 21h59. No caso do TED, o dinheiro é transferido em alguns minutos para operações antes das 17h. No entanto, a partir desse horário, a transação só é concluída no dia útil seguinte.

Segundo ele, o novo sistema vai diminuir a demanda por dinheiro em espécie. “Os pagamentos instantâneos devem estar funcionando no fim do ano que vem. O dinheiro vai sair de uma conta para outra, independente de quem seja, empresa ou pessoa física, 24 horas por dia, sete dias por semana”, declarou.

Cheque especial

Assim como na audiência pública de ontem (19) na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Campos Neto reafirmou que o BC lançará, até o fim do ano, um plano para reduzir os juros do cheque especial das pessoas físicas. Ele reiterou que esse produto, que cobra juros em torno de 300% ao ano, prejudica principalmente os clientes de baixa renda.

“O cheque especial é um produto muito regressivo. Quem está pagando o custo está embaixo na pirâmide. É como se quem estivesse embaixo pagasse o luxo de quem está em cima. É um produto mais usado pela renda mais baixa e por quem tem menos educação financeira. Precisamos fazer uma reengenharia para diminuir a regressividade”, afirmou.

Sobre o spread bancário, diferença entre os juros que o banco paga para captar recursos e cobra do tomador de crédito, o presidente do BC disse que a instituição estuda medidas para tornar mais ágil a recuperação, pelos bancos, de bens dados como garantia (bens usados para cobrir a inadimplência) nas operações de crédito. De acordo com Campos Neto, atualmente a recuperação de crédito leva muito tempo sendo discutida na Justiça.

* Com informações da Agência Brasil

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