Bares e restaurantes de SP dizem que novas restrições são ‘injustas’ e questionam aglomerações nas ruas
Segundo o setor, tem ocorrido ‘desrespeito aos protocolos’ em ônibus, metrôs, e até mesmo na campanha eleitoral; Abrasel afirma que 70% dos estabelecimentos não faturam 50% do que alcançavam antes da pandemia
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel) divulgou uma comunicado nesta terça-feira, 1º, questionando as novas medidas restritivas para o combate à pandemia da Covid-19 no Estado, anunciadas ontem pelo governador João Doria (PSDB). Além de regredir da fase verde para a fase amarela, os estabelecimentos voltarão a ter atendimento presencial limitado a 40% da capacidade total, com funcionamento máximo de 10 horas por dia, com permissão de abertura até às 22h. “A injustiça é flagrante e mais uma vez os restaurantes são apontados como se fossem locais com potencial de contaminação de frequentadores. Além do prejuízo econômico, existe outro subjetivo, vez que as pessoas são levadas a pensar que isso é verdadeiro, mesmo com tantas precauções que são tomadas”, afirma a Abrasel.
A associação questiona, ainda, aglomerações que tem ocorrido nas cidades, como em baladas, estabelecimentos informais e reuniões em ruas e praças da cidade, onde pessoas ficam sem máscara e não seguem o distanciamento recomendado. Além disso, alega que essa situação se repete em ônibus, metrôs, feiras livres e até recentemente na intensa campanha eleitoral, “com total desrespeito a todos os protocolos”. “Porque o governo não pediu até agora ajuda da sociedade civil organizada, de outros setores da atividade econômica, religiosa, artística, esportiva, profissionais liberais, até de outros líderes e partidos políticos. Por que não dividir esse protagonismo político no combate ao Covid, reduzindo o prejuízo que se dá pela falta de uma liderança nacional?”, pergunta na nota.
Segundo a Abrasel, o setor tem sido fortemente impactado pela pandemia, e 70% dos estabelecimentos não faturam sequer 50% do que alcançavam antes do coronavírus. De acordo com a associação, a esperança era de melhorar a performance no final de ano, e faturar o suficiente para pagar contas atrasadas, o 13ª salário, e “se preparar para enfrentar mais um ano dificílimo”. “É nessa realidade que caiu como uma bomba, as novas restrições. […] Muitos empresários demitirão os funcionários que acabaram de contratar e fecharão devido ao fato que se tem menos prejuízo mantendo estabelecimentos fechados, do que abrir com 40% da ocupação possível. Evidente que não é o fato de um restaurante terminar suas atividades às 23 horas ou receber 60% dos clientes potenciais, que está causando incremento da contaminação da população”, diz.
A associação finaliza afirmando que vai reivindicar mais espaços, menos restrições, fiscalizações sérias e não genéricas e ineficientes, liberação das mesas nas calçadas, e menos fatores contaminantes que ajudariam os estabelecimentos a sobreviverem e prestarem mais serviços a população, em especial aos jovens, reduzindo aglomerações. Para isso, tentará reunir outras entidades, mercado e sociedade civil, começando pelos setores empresariais do comércio e do turismo.
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