Brasil pode dobrar mortes por coronavírus até domingo, aponta estudo

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2020 07h58
EFE / Raphael Alves Vítimas da Covid-19 são enterradas em valas comuns de Manaus A pior previsão é para nove países em que a epidemia ainda se encontra "em provável crescimento", o que inclui Brasil, Canadá, Índia, México e Rússia

O Brasil pode chegar a 9,7 mil mortes pelo coronavírus até o domingo, projeta o Imperial College de Londres. O estudo revela que o país tem a pior situação no mundo, com o número de casos “em provável crescimento” e um registro “muito grande” de óbitos.

Segundo o levantamento, feito com 48 nações e divulgado na quarta-feira (29), apenas o Brasil e os Estados Unidos terão número de óbitos acima de 5 mil casos. Em um cenário pessimista, os cientistas previam 5,6 mil falecimentos pela covid-19 em território brasileiro até o fim desta semana. Até a quarta-feira, o Ministério da Saúde já contabilizava 5.466.

O Imperial College é uma das mais conceituadas instituições em modelagem matemática e vem publicando projeções desde que a epidemia chegou à Europa. O levantamento lista ainda os países em que a disseminação do coronavírus está “provavelmente declinando”, como França, Itália e Espanha e outros em que há estabilidade ou crescimento lento, como Alemanha, Reino Unido e os EUA.

A pior previsão é para nove países em que a epidemia ainda se encontra “em provável crescimento”, o que inclui Brasil, Canadá, Índia, México e Rússia. O Brasil tem ainda o maior número de reprodução de casos – cada doente transmite para aproximadamente três outros, forte indício de que a velocidade do crescimento da infecção é alto.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, citou na quarta-feira um estudo da pasta para mudar a diretriz de isolamento só para alguns grupos – como idosos, casos confirmados e aqueles em contato com doentes, mas ponderou que o posicionamento ainda não mudou.

“O fato de estar planejando agora não quer dizer que vai liberar ou sugerir flexibilização no momento em que a curva ainda está ascendente”, afirmou Teich, que ponderou que a mudança dependerá de uma queda na curva de casos e a decisão será de Estados e municípios.

“Viramos referência mundial negativa”, resume o infectologista Antônio Flores. “Tem a ver com nossas estratégias de testagem, não satisfatórias; da forma como o distanciamento social foi implementado em diferentes regiões e das mensagens conflitantes do governo. Ter uma mensagem consolidada é importante para que a comunidade tenha confiança na resposta; e aqui vemos protestos contra o isolamento”, diz.

“O Brasil adotou medidas de distanciamento social precocemente, diferentemente dos EUA, e achatamos a curva (de crescimento da epidemia), adiamos o pico, mas isso tem de ser acompanhado pela oferta de leitos”, afirma o infectologista Roberto Medronho, da UFRJ.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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