Brasil está engajado em abrir economia, em aumentar produtividade, diz Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta quarta-feira (7), que o Brasil passa por um processo de redução do protecionismo de sua economia. “Agora o Brasil está engajado em abrir a economia e também em aumentar a sua produtividade”, disse durante o painel sobre a globalização (Stocktaking on Globalisation) da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na sede da entidade em Paris.
Na avaliação do ministro, o Brasil não tirou proveito dos pontos positivos da globalização porque esteve muito fechado durante esse processo, mas que agora pretende se integrar mais ao processo. “Economia fechada não é um bom negócio, para dizer o mínimo”, defendeu durante as discussões com ministros de outros países. Ele enfatizou que um dos pontos positivos do processo de maior integração, por exemplo, é a absorção da tecnologia. “O Brasil está agora fazendo isso.”
O ministro também disse que o País está focado em temas como o da Educação para melhorar a situação brasileira e dividir o conhecimento da melhor forma possível. A preocupação com o protecionismo foi um dos pontos apresentados por outros debatedores, como o ministro das Finanças, Negócios e Defesa da Índia, Arun Jaitley.
A Ministra da Finanças da Suécia, Magndalena Nndersson, também se disse preocupada sobre uma possível onda protecionista no mundo, mas também otimista. “Todos têm que fazer a lição de casa A globalização trouxe mais crescimento, mas também precisamos de mais redistribuição de renda”, afirmou.
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Anders Samuelsen, também participou deste painel, assim como o ministro de Comércio, Turismo e Investimento da Austrália, Steven Ciobo.
Negociações
Meirelles apresentou medidas para abertura da economia brasileira durante o painel da OCDE. Questionado sobre como o País poderia mostrar uma diminuição do protecionismo, Meirelles citou que está em processo de discussões com diferentes países com o intuito comercial, e destacou que a intenção de integrar a OCDE também “é uma coisa importante nessa direção”. Na semana passada, o Brasil formalizou seu pedido à entidade.
“Estamos flexibilizando o mercado de trabalho”, mencionou também o ministro como terceiro item. Na terça, no Brasil, a reforma trabalhista passou apertada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Meirelles salientou que, ao mesmo tempo, o Brasil tem produzido políticas para proteger quem está à margem do processo por meio de programas sociais. “Estamos tentando um equilíbrio: de um lado abrindo a economia e, ao mesmo tempo, adotando medidas de proteção social”, afirmou.
Emergentes
O ministro da Fazenda defendeu que os países emergentes devem combinar a abertura comercial e a melhora de seus mercados domésticos num movimento de aproveitamento do fluxo de capital que se torne investimento. “Isso já está acontecendo”, disse durante o painel.
Para ele, as economias emergentes têm que aproveitar a globalização. “Mas esta não é uma questão apenas de aumentar as exportações desses mercados. Há uma ampla oportunidade de melhora em várias áreas”, afirmou.
EUA
Sobre a ampliação de atividades de empresas norte-americanas em outros países e a intenção de mais protecionismo dos Estados Unidos, Meirelles disse se tratarem de duas questões. “Acredito que os investimentos bilaterais sejam um oportunidade para aquelas empresas que estão preparadas para a globalização, americanas ou não”, afirmou.
Outra questão diferente, conforme o ministro brasileiro, é a política externa da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Há um dilema específico nos Estados Unidos e é natural que haja algumas dúvidas sobre que direção o país seguirá”, considerou.
Produtividade
O ministro da Fazenda defendeu ainda que é preciso criar formas de ampliação da produtividade do mercado de trabalho ao mesmo tempo que é necessário ter medidas que façam com que os trabalhadores não fiquem à margem desse mercado, podendo acessá-lo. Ele salientou que há algumas políticas com o objetivo de proteger ou melhoras dos direitos, mas podem acabar prejudicando a agenda de maior flexibilidade do mercado de trabalho.
É preciso, de acordo com ele, que haja medidas que não criem ineficiências. “É preciso ter politicas para a produtividade, mas, ao mesmo tempo, que gerem oportunidade de melhora da qualidade e da maior participação desse mercado.”
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