Cabral disse que tinha de ganhar eleição ao pedir propina

  • Por Estadão Conteúdo
  • 21/05/2017 15h22
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BRA01. RÍO DE JANEIRO (BRASIL), 18/11/2016.- Fotografía cedida por la Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP) hoy, 18 de noviembre de 2016, del exgobernador de Río de Janeiro Sergio Cabral, quien fue detenido el jueves, acusado de corrupción por el cobro de comisiones ilegales que, al menos, alcanzan los 66 millones de dólares. Anthony Garotinho y Sergio Cabral, dos de los gobernadores que ha tenido Río de Janeiro en los últimos quince años, amanecieron hoy tras las rejas, tras ser detenidos esta semana por diferentes asuntos de corrupción. EFE/Secretaría de Administración Penitenciaria (SEAP)/SOLO USO EDITORIAL/NO VENTAS/NO ARCHIVO/MÁXIMA CALIDAD DISPONIBLE Secretaria de Administração Penitenciária Ex-governador Sérgio Cabral é fichado na Penitenciária de Bangu

O diretor de Relações Institucionais e de Governo da JBS, Ricardo Saud, relatou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 27,5 milhões em propina para a campanha de Luiz Fernando Pezão (PMDB) ao governo do Rio em 2014. Em delação premiada, o executivo afirmou que negociou o dinheiro com o antecessor e padrinho político de Pezão, o ex-governador Sérgio Cabral, também do PMDB – preso na Operação Calicute, desdobramento da Lava Jato, desde novembro de 2016. Cabral exigiu entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões, segundo o delator.

Em troca, a JBS assumiu, sem custos, segundo o delator, uma fábrica inutilizada da BR Foods de 400 mil m² em Piraí, no interior do Rio. Ele afirma que foram R$ 20 milhões de propinas ‘dissimuladas em doações oficiais’ e mais R$ 7,5 milhões em espécie, supostamente entregues ao ex-secretário de Obras do estado Hudson Braga.

“Eu fui até o Sérgio Cabral e falei que a fábrica era tudo para nós. Eu perguntei se ele teria peito de tomar da BR Foods e ele disse que sim. Eu conversei com o Joesley (Batista, acionista da JBS) e disse: ‘Ganhar uma fábrica de graça num momento desse é a melhor coisa que tem'”, disse no depoimento.

Saud ressaltou que nunca tratou diretamente com Pezão sobre recursos financeiros. Toda a negociação teria sido feita com Cabral, que era o articulador da campanha, segundo o executivo. Ele disse ainda que, quando iniciaram as conversas sobre o pagamento, Cabral disse: “Preciso ganhar a eleição”, se referindo à campanha de Pezão.

“Ele pediu entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões de propina. Eu falei: ‘Você tá louco’. Aí, fechamos em R$ 27,5 milhões. Uma parte grande foi para a eleição do Pezão e outra parte para deputados que ele queria eleger”.

Segundo Saud, o dinheiro teria sido pago de forma parcelada entre julho e outubro de 2014. O delator informou que, além dos montantes para a campanha e para o PMDB do Rio, R$ 900 mil teriam sido destinados ao PDT.

“Ele disse: ‘Preciso de tempo de televisão. Você precisa trazer um ou dois partidos’. Eu disse: ‘Posso te apresentar alguns presidentes de partidos, que você já conhece e falar que nós damos a garantia, que se houver negócio, nós vamos pagar’. Mas depois de três ou quatro dias, ele disse: ‘Não, você me dá o dinheiro e eu resolvo o problema’”.

A reportagem não localizou neste domingo (21) a defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral. A reportagem fez contato com o governo do Rio.

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