RJ: Ciclovia Tim Maia registrou quatro desabamentos em três anos; duas pessoas já morreram
A ciclovia Tim Maia, que liga o Leblon à Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, já teve quatro desabamentos em pouco mais de três anos. A obra custou aos cofres públicos R$ 40 milhões.
Três meses após a inauguração, no feriado de 21 de abril de 2016, a pista suspensa sobre a rocha costeira sofreu sua primeira queda ao ser atingida por uma onda. O desabamento de um trecho de 26 metros matou Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, e Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos, que passavam pelo local.
Depois do primeiro desabamento, a prefeitura fechou o trecho do Vidigal a São Conrado, mas, semanas depois, a Justiça mandou interditar também o percurso Leblon-Vidigal.
Em setembro de 2016, a Prefeitura do Rio inaugurou o segundo trecho, de 3,1 quilômetros, entre São Conrado e a Barra da Tijuca, enquanto o primeiro trecho continuava interditado.
Em fevereiro de 2018, a ciclovia teve seu segundo desabamento: cerca de 30 metros do segundo trecho, na saída de São Conrado para a Barra da Tijuca, cederam durante um temporal. Sob a gestão de Marcelo Crivella, a prefeitura explicou que uma galeria que passava sob a via se rompeu e encharcou o solo, provocando o afundamento. Após o incidente, a Justiça interditou completamente a ciclovia a pedido do Ministério Público.
Em janeiro deste ano, um perito designado pela Justiça avaliou que a ciclovia poderia ser reaberta. No dia 25 do mesmo mês, o prefeito Marcelo Crivella gravou um vídeo em que testava a segurança da ciclovia e afirmava que a estrutura havia sido reforçada para resistir ao impacto das ondas. Passou apenas uma semana, e chuvas fortes causaram o terceiro desabamento. No início de fevereiro, um deslizamento de terra derrubou outra parte da via na Avenida Niemeyer, na altura de São Conrado.
Problemas
Apesar de ter sido construída em um costão de pedra entre o mar e montanhas na orla carioca, a Ciclovia Tim Maia deve um desabamento durante uma ressaca, dois colapsos em episódios de chuva forte e um trecho que não resistiu a um deslizamento de terra.
Em um relatório divulgado em março de 2017, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) do Rio de Janeiro apontou sinais precoces de deterioração, causados por falhas na construção. A apuração foi iniciada em função da tragédia que deixou dois mortos, em 2016, e o Crea disse em 2017 que a causa desse primeiro desabamento foi o impacto da onda, de baixo para cima, que virou as bandejas sobre a qual a ciclovia passava. Essas bandejas estavam apenas posicionadas sobre os pilares, sem fixação.
Na época, o Crea identificou que a maioria dos blocos de fundação da ciclovia apresenta fissuração considerável devido à incompatibilidade dos materiais com o ambiente agressivo. “Essa degradação comprometerá a integridade e a segurança da estrutura em curto prazo”, alertava o texto.
*Com Agência Brasil
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