Cunha alega inocência e diz ter falado com Temer “algumas vezes”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/09/2016 07h47
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Luis Macedo / Câmara dos Deputados Eduardo Cunha

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse já ter falado “algumas vezes” com Michel Temer já na condição de presidente. “É uma conversa natural, temos uma relação”, afirmou o ex-presidente da Câmara, que terá sua cassação apreciada pelo plenária da Casa nesta segunda-feira (12). Perguntado pelo repórter Roberto Cabrini, do programa Conexão Repórter, do SBT, sobre o teor dos diálogos com Temer, Cunha preferiu manter sigilo. “Conversas com presidentes a gente não revela, a não ser que parta deles.”

Exibido na madrugada desta segunda-feira, o programa apresentado por Cabrini mostrou a rotina do parlamentar nas últimas duas semanas – incluindo o momento em que Cunha dá um leve sorriso ao acompanhar pela televisão, em seu apartamento funcional em Brasília, o desfecho do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 31 de agosto. “Não foi uma vitória pessoal, busquei cumprir o meu dever”, afirmou, sobre a deposição da petista. 

Foi Cunha quem acatou, como presidente da Câmara, em dezembro do ano passado, a denúncia que resultaria no impeachment. Ele também presidiu a sessão da Casa, em 17 de abril, que autorizou a ida do processo para o Senado e que destitui Dilma provisoriamente. “Não sinto orgulho, sinto que cumpri minha obrigação de dar curso à denúncia. Foi o coletivo da Câmara e do Senado que concluiu pela culpa da presidente.”

Duas semanas depois de liderar a sessão que tirou Dilma do Palácio do Planalto, Cunha foi afastado do cargo de deputado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de participar de esquemas de arrecadação de propinas em obras investigadas pela Operação Lava Jato. No início de julho, ele renunciou ao cargo de presidente da Câmara. 

Na entrevista a Cabrini, o parlamentar negou diversas vezes ter recebido propina ou participado de qualquer esquema irregular. “Eu não sou corrupto”, afirmou. Sobre acusações de que estaria envolvido em esquema que viabilizou, em 2006, a construção de um navio-sonda, Cunha disse que, à época, fazia oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nunca vi ninguém beneficiar a oposição.”

Os diversos delatores que apontaram o deputado afastado como beneficiário de propina, segundo ele, são “mentirosos”, já que seus depoimentos seriam contraditórios. “Não recebi US$ 5 milhões, nem um, nem zero.” Além disso, disse Cunha, “palavra não é comprovante”. 

Ele usou o exemplo de outro peemedebista que é alvo de denúncias para exemplificar a fragilidade dos relatos de colaboradores da Justiça. “O (presidente do Senado) Renan Calheiros, por exemplo, tem 11 inquéritos abertos contra ele. No entanto, não houve denúncia.”

Cunha voltou a descartar que fará acordo de delação premiada, em caso de cassação. “Só faz delação quem cometeu crime. Eu não cometi crime, não tenho o que delatar.” Quanto à votação de sua cassação, disse que não pensa na hipótese. “Confio plenamente nos meus pares que vão me julgar.” 

Sobre as contas que possui no exterior, o ex-presidente da Câmara voltou a alegar que são recursos provenientes de sua atividade privada, de “30 anos atrás”.

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