“Custo da corrupção sistêmica é algo extraordinário”, diz Sérgio Moro

  • Por Agência Brasil
  • 31/08/2015 13h41
SÃO PAULO, SP, 20.08.2015: SERGIO-MORO - O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, durante debate sobre corrupção com o tema: “O Combate à Corrupção Empresarial no Direito Brasileiro”, no V Simpósio de Direito Empresarial, da ALAE - Aliança de Advocacia Empresarial, no WCT, em São Paulo. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress) Danilo Verpa/Folhapress Juiz Sérgio Moro participa de simpósio com advogados empresariais em São Paulo

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, disse nesta segunda-feira (31) que “o custo da corrupção sistêmica é algo extraordinário”, ao participar de palestra no Fórum Exame: Prepare-se para planejar 2016. O juiz afirmou também que o enfrentamento da corrupção trará ganhos ao país no longo prazo. 

Ao falar sobre corrupção sistêmica, o juiz disse que as provas colhidas na Lava Jato e as delações premiadas de envolvidos no esquema apontam que o pagamento de propina em contratos da Petrobras era comum. ”Embora existam vários casos que demandam julgamento, as provas, indícios, indicam aquele quadro informado pelos chamados colaboradores da Justiça, que em todo contrato da Petrobras havia pagamentos”, disse. “A corrupção como crime é um tipo de crime que sempre vai acontecer, não importa o que nós façamos, a não ser que num futuro muito distante nos transformemos em anjos”, acrescentou.

Na palestra, Moro citou o caso da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, que teve os custos elevados, como exemplo de contrato com indícios de irregularidades. Com previsão de ter a construção finalizada em 2010, o início das operações da refinaria ocorreu em dezembro de 2014. “Entre as testemunhas, agentes da Petrobras, o comentário é que a refinaria não será paga se funcionar em toda a sua vida útil, um prejuízo”, disse.

Em março, o ex-gerente-geral da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, Glauco Legatti, negou superfaturamento na obra em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. De acordo com Legatti, mais de 90% dos contratos foram em reais e o projeto final foi orçado em R$ 26 bilhões. Segundo ele, o valor de US$ 18 bilhões seria resultado de uma contabilidade da variação da taxa de câmbio. “Ela foi contratada por R$ 26 bilhões, em 2009, vim aqui [ao Congresso] e disse que a refinaria custava próximo de R$ 12 bilhões. Como é que a gente explica esse negócio de US$ 13,3 bilhões que foi pra US$ 18,5 bilhões? A Petrobras converte todos os seus investimentos para dólar, que na época era [cotado a] R$ 2,438.”

A reportagem entrou em contato com a Petrobras e aguarda posicionamento.

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