De ‘golpe do presente’ ao falso Auxílio Brasil: saiba como se proteger de fraudes financeiras no fim do ano

Com a proximidade do Natal, crimes ganham força e vão fazendo novas vítimas; especialistas detalham os principais delitos praticados no período

  • Por Caroline Hardt
  • 12/12/2021 08h00
Pixabay/rupixen pessoa segurando cartão de crédito em frente a um notebook Entre as modalidades de fraudes mais comuns no período estão: fishing, ofertas "imperdíveis" e o golpe da biometria facial

Com a passagem da Black Friday e a proximidade do Natal, as compras online ganham força e, junto com elas, os golpes financeiros acabam fazendo novas vítimas. Embora diversos tipos de fraudes aconteçam ao longo do ano, especialistas apontam que as datas festivas impulsionam modalidades específicas de crimes, que se aproveitam das chamadas “compras por impulso” feitas no período. “Os golpistas funcionam com base em fraquezas da vítima, fraquezas psicológicas. Na época de fim de ano todo mundo quer fazer compra de uma lembrancinha, de um presente para alguém. É psicológico, todo mundo quer comprar e todo mundo quer preço bom, então os criminosos lançam esses golpes”, explica o advogado especialista em direito digital e crimes cibernéticos, Francisco Gomes Júnior. Segundo ele, entre as modalidades de fraudes mais comuns no período estão: fishing, ofertas “imperdíveis”, o golpe da biometria facial – o mais recente modelo de crime e, neste ano, o do Auxílio Brasil. Conheça mais sobre cada uma delas abaixo:

Fishing –  Criminosos enviam links por e-mail ou SMS com mensagens que induzem ao clique. Quando a vítima acessa a página, um vírus invade o dispositivo e passa a coletar as informações que são digitadas, por um período que pode durar de um a dois dias. O objetivo é capturar senhas bancárias, dados de cartões virtuais e informações para serem usadas em compras futuras, efetivando o golpe. “A pessoa só vai descobrir se ela tiver no celular um bom antivírus que vai identificar. Sem isso, ela só vai descobrir quando a fraude acontecer”, explica Francisco Gomes, que também é presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP)

Descontos “imperdíveis”-  Outro modelo de golpe acontece por meio de ofertas com descontos expressivos ou por tempo limitado. Esse tipo de fraude pode ter dois desdobramentos: o primeiro é a prática do fishing para captura de dados bancários, ou induzir o consumidor a comprar em sites falsos, que muitas vezes imitam grandes redes de lojas. O cliente efetua a compra, paga pelo produto, mas não vai receber a mercadoria. “É o golpe mais comum e as pessoas estão caindo. É época de fim de ano, todo mundo quer aproveitar ofertas”, diz o advogado. 

Golpe da biometria facial – Novidade neste ano, o golpe da biometria facial também tem feito novas vítimas. Ele consiste em pedir que o cliente, após uma compra online, envie uma foto para confirmar a autenticidade da compra. “Se você mandar, eles conseguem entrar em qualquer lugar que você tenha o Face ID [identificação do rosto]. Eles conseguem pegar uma foto e transformar em 3D, passando pelos bloqueios. Então basta eles terem seus dados bancários, com a identificação facial, e eles entram na sua conta.”

Bônus: Auxílio Brasil – A primeira parcela de R$ 400 do novo benefício social começou a ser paga nesta sexta-feira, 10, mas os golpes com o programa do governo federal já estão acontecendo. Criminosos estão enviando mensagens pelo WhatsApp informando que o pagamento já está disponível. Segundo Francisco Gomes, a intenção também é fazer com que as vítimas cliquem nos links para capturar as informações bancárias. “Se a pessoa se inscreveu, ela vai clicar. Se não, ela vai clicar também. É um golpe com grande probabilidade de sucesso”, relata. Casos semelhantes também envolvem o saque do FGTS e o 13º salário, que tradicionalmente é pago no fim de ano.

Como se proteger?

Conhecendo as fraudes mais comuns neste período de fim de ano, a principal ferramenta para se proteger delas é a desconfiança. Desconfie de descontos muito agressivos, de ligações de instituições bancárias pedindo dados pessoais, como número do cartão ou senha, e links ou mensagens suspeitas que falem sobre pagamentos disponíveis ou induzam ao clique. “No final do ano, com as festas, os criminosos saem à caça. Então, desconfiar mesmo se um link chega o seu e-mail ou celular, não vai clicando. Bancos não pedem cartão de volta, por exemplo, que é um golpe comum também. É prestar atenção e desconfiar das situações”, explica a advogada Carla Rahal Benedetti, especialista em crimes eletrônicos e econômicos.

Ela lembra que ao identificar um golpe, é indispensável que a vítima acione as autoridades competentes e formalize a denúncia para que seja possível quantificar as fraudes que acontecem. “Esse é o grande problema, porque a pessoa se vê livre e solta para continuar aplicando golpes, porque ela sabe que as pessoas não vão procurar ajuda. Então tem que levar ao conhecimento das autoridades competentes. Quanto menos a população leva às autoridades, menos conseguimos saber a real dimensão de tudo isso. As pessoas têm que ter em mente que não há solução para esse problema. Não tem solução, mas a gente pode minimizar esse problema, esse dano, que é um câncer na sociedade atual”, acrescenta. 

Francisco Gomes Júnior endossa as dicas de proteção: não clique em links suspeitos; não compartilhe fotos pessoais ou informações bancárias; desconfie de descontos expressivos, ofertas imperdíveis e não haja por impulso na hora das compras. “Se receber uma mensagem que uma loja está com 50% de desconto, não clique. Vai por outra página e abre o site da empresa para conferir. Muito cuidado com as compras de Natal, na verdade essa é a dica. Para as compras físicas, se o seu cartão for de aproximação, ótimo. Agora, se precisar de senha, também tome cuidado.”

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