Deputados levam ao plenário cartazes de “tchau, querida” e Constituição rasgada
Encerrado o discurso do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, em defesa da presidente Dilma Rousseff, no plenário da Câmara, na manhã desta sexta-feira, 15, o deputado Orlando Silva (PC do B-SP) foi um dos muitos governistas a abraçar o ministro. “Vamos ganhar essa, Zé. Seu discurso eleva o moral da nossa tropa”, disse.
Mais cedo, Orlando contabilizava trinta deputados ainda indecisos, que precisam ser “convencidos” a rejeitar o impeachment da presidente. “Eles (oposição) não têm 342 votos”, apostava o deputado paulista, enquanto aguardava a vez de se inscrever para discursar.
Acomodados no lado esquerdo do plenário, os aliados da presidente procuravam mostrar confiança e se afastar da imagem de abatimento diante da debandada de parlamentares em direção à aprovação do impeachment.
Afastado da política desde o processo do mensalão, em que foi absolvido, o ex-deputado petista Professor Luizinho (SP) também estava no plenário da Câmara. “É uma guerra”, disse a Cardozo, enquanto na tribuna discursava o jurista Miguel Reale Jr, um dos autores do pedido de abertura do processo de impeachment da presidente.
O deputado Sibá Machado (PT-AC) decidiu postar-se atrás de Cardozo durante todo o pronunciamento do ministro, exibindo uma imagem da Constituição rasgada, que sustenta a tese dos governistas de que impeachment sem crime é golpe. Na guerra de cartazes, deputados da oposição mostravam diante de Cardozo a inscrição “tchau, querida”, em referência à forma como o ex-presidente Lula se despediu de Dilma, em telefonema gravado pela Operação Lava Jato e tornada pública com autorização do juiz Sérgio Moro.
Apesar da confiança na aprovação do impeachment, a oposição evitava cantar vitória. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) calculava que o número de votos contra o impeachment já havia chegado a 370 (são necessários pelo menos 342 para aprovar a continuidade do processo). “Mas não fico tranquilo nunca. Tem que chegar a 400”, afirmou.
Dois pontos de inscrição foram instalados no plenário, um para os discursos contra e outro para os pronunciamentos a favor do impeachment. Listas prévias já haviam sido feitas das duas partes, antes da abertura do plenário, por ordem de presença dos parlamentares, que começaram a chegar antes das 7 horas, em um movimento raro na Câmara para uma sexta-feira.
Disciplinados, os governistas fizeram uma longa fila para se inscreverem oficialmente. Na oposição, houve um aglomerado em torno da mesa de inscrição e por pouco não saiu confusão. “Nada de furar a fila”, gritou um deputado. Logo um pequeno grupo unificou os adversários do governo ao entoar as palavras de ordem da tropa oposicionista: “Impeachment já, fora Dilma, fora PT.”
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