Dilma vê renúncia de Cunha como ‘jogada’ para salvar mandato

  • Por Estadão Conteúdo
  • 08/07/2016 10h08
Brasília - DF, 20/06/2016. Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista para o Jornal El-País no Palácio da Alvorada. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR Roberto Stuckert Filho/PR/Fotos Públicas Dilma Rousseff

A renúncia do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvejado pela Operação Lava Jato, foi vista pela presidente afastada Dilma Rousseff e por ex-ministros como uma “jogada” para tentar salvar o mandato do político. Em conversas reservadas, Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dirigentes do PT avaliaram que Cunha fez acordo com o presidente em exercício Michel Temer e também com o PSDB para costurar o arquivamento de seu pedido de cassação.

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, disse que vai anexar o pronunciamento de Cunha no processo de defesa da presidente afastada. Ao renunciar, Cunha afirmou pagar “um alto preço por ter dado início ao impeachment” da petista.

“O discurso dele cai como uma luva para demonstrar que esse processo foi, o tempo todo, movido por desvio de poder e vingança”, afirmou Cardozo, que foi advogado-geral da União, “está evidente a má-fé nos atos de Cunha”, pontuou.

O então presidente da Câmara dos Deputados só aceitou a denúncia contra Dilma, em dezembro do ano passado, depois que o PT anunciou que não o apoiaria no Conselho de Ética. 

A bancada petista na Câmara vai, agora, trabalhar para dividir a base aliada de Temer no Congresso. A estratégia avaliada nos bastidores pela legenda insiste em dar apoio a um candidato competitivo e que possa derrotar o nome de preferência do Palácio do Planalto.

O problema é que o PT também está rachado. Uma ala defende até mesmo o aval à candidatura do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para se contrapor ao avanço de Rogério Rosso (PSD-DF), nome ligado a Cunha. No diagnóstico dos petistas, a renúncia do peemedebista foi uma manobra que passou pelo Palácio do Planalto.

“Trata-se de uma jogada para salvar o mandato de um dos chefes do golpe e rearticular a base do governo ilegítimo de Temer”, afirmou o ex-ministro das Relações Institucionais Ricardo Berzoini, “há várias fissuras nessa base e, evidentemente, a renúncia tem o objetivo de amenizar a campanha pela cassação do mandato de Cunha”, disse Berzoini.

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