Diretor da PF deve permanecer no cargo após volta das férias

O delegado Maurício Valeixo, diretor-geral da PF, seria demitido após contrariar orientações do presidente Jair Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2019 14h43 - Atualizado em 18/09/2019 14h58
Reprodução/Gazeta do Povo Delegado Maurício Valeixo

O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Maurício Valeixo, volta de férias nesta quinta-feira (19) e deve continuar no cargo. O ministro da Justiça, Sergio Moro, já teria dado a Valeixo a informação de que ele não será substituído, pelo menos por enquanto. Procurado, o ministro disse que não comentará o assunto.

A saída de Valeixo era dada como certa internamente na PF após o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter declarado, no mês passado, que poderia trocar a direção do órgão. Sua permanência é considerada uma vitória de Moro. O combinado é que ninguém na PF comente mais sobre o assunto, para evitar novas rusgas com o presidente.

Bolsonaro ficou irritado especialmente com a recusa de Valeixo de indicar para a superintendência do Rio de Janeiro o delegado Alexandre Saraiva, atual chefe da unidade do Amazonas, no lugar do delegado Ricardo Saadi.

Na ocasião, Bolsonaro afirmou que havia determinado a saída de Saadi por “questão de produtividade”. Horas após o anúncio, porém, a PF contradisse o presidente e, em nota, afirmou que a troca já estava planejada e não tinha relação com o trabalho do delegado. Ainda anunciou um outro nome para o cargo, contrariando Bolsonaro.

Desde o início da crise, Moro se esforçou para manter Valeixo, uma indicação sua para o cargo. Eles trabalharam juntos na Lava Jato em Curitiba. Em conversa com Bolsonaro, o ministro chegou a atribuir as polêmicas a uma “rede de intrigas” que atuava para desgastar a relação entre os dois.

Como forma de “aparar arestas” com o presidente, Moro determinou, na semana passada, que a PF apure um suposto direcionamento de investigação ao deputado Helio Lopes (PSL-RJ), aliado do presidente. O ministro apontou possível fraude na inclusão do nome em um inquérito como meio de tentar voltar o presidente contra Saadi e a cúpula do órgão.

A Polícia Federal suspeita que o delegado Leonardo Tavares, lotado na Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários (Deleprev) no Rio de Janeiro, foi o responsável por tentar direcionar uma investigação previdenciária para um alvo chamado ‘Hélio Negão’, o mesmo apelido usado pelo deputado do PSL.

Nos bastidores, o gesto de Moro foi visto como importante para mudar o ambiente e impedir a demissão de Valeixo.

*Com Agência Brasil

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.