Dólar sobe após frustração com cessão onerosa e termina em R$ 4

Ibovespa encerrou o pregão em máxima histórica aos 109.580,57 pontos e alta de 1,13%

  • Por Jovem Pan
  • 07/11/2019 20h11
Itaci Batista/Estadão Conteúdo No fim da manhã, o resultado de um segundo leilão frustrado piorou o incômodo dos investidores e o dólar tocou os R$ 4,10

O mercado tenta encontrar um novo patamar para o dólar após a frustração na expectativa de entrada de recursos no País com o leilão do excedente da cessão onerosa, realizado nesta quarta-feira (6). Segundo operadores, esta quinta (7) foi de ajustes técnicos para a moeda, que deve seguir mais valorizada, acima dos R$ 4, por razões sazonais. No fim do ano, é comum o aumento da procura por dólares por parte de empresas e fundos, que enviam remessas ao exterior.

No fim do pregão, a moeda terminou cotada em R$ 4,0930, uma alta de 0,25% e o maior valor desde 21 de outubro. A moeda americana chegou a ter queda ante o real pela manhã, influenciada por um exterior favorável, com mais apetite a risco. Logo após a abertura, marcou a mínima do dia, aos R$ 4,04. O bom humor externo, no entanto, não foi suficiente para segurar um segundo dia de reposicionamento de investidores.

No fim da manhã, o resultado de um segundo leilão frustrado piorou o incômodo dos investidores e o dólar escalou até tocar os R$ 4,1022 na máxima do dia. A 6ª rodada de licitações de partilha terminou com apenas um dos cinco blocos licitados. A Petrobras, com a chinesa CNODC, arrematou o campo mais nobre, de Aram, numa surpresa para o governo, segundo admitiu o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.

A notícia desagrada por vir na esteira da frustração com o leilão do excedente da cessão onerosa. Das quatro áreas ofertadas, apenas duas foram arrematadas, ambas pela Petrobras, que teve em um dos campos a participação de duas empresas chinesas. Assim, a expectativa de uma entrada massiva de dólares por meio de interessados estrangeiros — que pressionou a moeda americana para baixo nos últimos dias — não se concretizou.

“A expectativa era de fluxo muito grande, o gap que teve do resultado, em termos de fluxo de entrada, foi uma diferença muito grande. No meu cenário, acho que todo o movimento de apreciação recente do real foi relacionado mais a (espera de) fluxo e menos a fundamento. Uma vez que você quebrou isso, vai ter fluxo de saída pela sazonalidade”, disse o diretor da Absolute Invest, Roberto Serra. Para ele, de agora até o fim do ano, o dólar deve oscilar bastante, mas haverá “muito mais dias de câmbio piorando”.

Ibovespa

A Bolsa abriu espaço na sessão de negócios desta quinta-feira para receber bons ventos do exterior, onde os mercados acionários operaram com ganhos conduzidos pela expectativa de um desmonte, mesmo que gradual, da guerra comercial entre Estados Unidos e China.

Nessa toada, o Ibovespa encerrou o pregão em máxima histórica aos 109.580,57 pontos e alta de 1,13%. Esse novo nível é alcançado apenas três dias após o índice fechar no recorde dos 108.779,33 pontos, na segunda-feira. A expectativa de analistas é a de que o mercado acionário encerre os negócios, sexta-feira, também no positivo, o que levaria a acumular cinco semanas consecutivas de valorização.

Após ter batido sucessivas máximas e recordes intraday, acompanhando seus pares em Nova York, o Ibovespa arrefeceu o ímpeto também por causa do mercado americano. A notícia, de fontes, de que a remoção de tarifas enfrenta forte oposição dentro da Casa Branca e de que nenhuma decisão final foi tomada ainda resfriou levemente o ânimo dos investidores.

As ações da Petrobras tiveram ganhos firmes na segunda etapa do pregão, após manhã de volatilidade. Analistas dizem, praticamente em uníssono, que a empresa “levou a melhor” nesses leilões, conseguindo comprar ativos muito produtivos por bom preço. “Para a Petrobras o resultado foi muito bom, mesmo que não para os governos que esperavam os recursos”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura.

Os papéis ordinários e preferenciais da petroleira encerraram o dia com ganhos de 3,21% e de 4,01%, respectivamente. Eles também refletiram o avanço nos contratos futuros de petróleo com investidores dispostos a correr risco.

O contexto atual de bons fundamentos macroeconômicos – juros na mínima e uma política fiscal mais restritiva – e com revisão para cima das projeções de crescimento embala vários setores da Bolsa. O setor de siderurgia foi destaque de alta após relatório do Credit Suisse prever crescimento de 8% na demanda por aço longo e de 4% por aço plano no Brasil no ano que vem. Usiminas PNA encerrou subindo 7,93%. Entre as blue chips, Banco do Brasil ON passou a tarde toda em queda para encerrar estável (0,00%).

* Com informações do Estadão Conteúdo

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