Doria diz que primeiras doses da CoronaVac chegarão a São Paulo em até uma semana

Governador também criticou a postura de Bolsonaro sobre a imunização contra a Covid-19: ‘Chega a ser inacreditável que o presidente da República não torça pela salvação das pessoas’

  • Por Jovem Pan
  • 26/10/2020 17h56 - Atualizado em 26/10/2020 17h59
ANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO João Doria Para Doria, os ataques do governo federal à CoronaVac "são injustos e incorretos"

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 26, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que as primeiras seis milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, chegarão ao Estado em até uma semana. Doria também criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro sobre a vacinação contra a Covid-19 no País. “Chega a ser inacreditável que tenhamos um País onde o presidente da República não torça pela salvação das pessoas. Parece até que torce pelo contrário, porque, se torcesse a favor, torceria por todas as vacinas de maneira eficaz e mediante autorização da Anvisa”, afirmou. “Isso seria uma visão correta, que se esperaria de um líder no Brasil, não quero politizar esse tema”, acrescentou, negando que haja, pela parte dele, uma guerra pela vacina.

Na manhã de hoje, Bolsonaro disse a apoiadores que não se deve “correr” para produzir a vacina contra o novo coronavírus e defendeu o tratamento com hidroxicloroquina, medicamento que não tem eficácia contra a doença. “Agora, pelo o que tudo indica, todo mundo diz que a vacina que menos demorou até hoje foram quatro anos. Eu não sei por que correr em cima dessa”, afirmou. Na última semana, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, mas menos de 24 horas depois, o presidente se pronunciou, dizendo que a vacina “não seria comprada”. Para Doria, os ataques do governo federal à CoronaVac “são injustos e incorretos”. “Não me parece nem justo, nem correto, nem uma posição humanitária. E lamento que alguns membros do governo federal ainda adotem essa postura lamentável. Defendemos sim várias vacinas, mas não apenas uma vacina. Desqualificar uma vacina pelo fato de ela ser chinesa é adiar a oportunidade de mais brasileiros terem acesso à vacina”, disse.

Após Bolsonaro garantir que, “no seu governo, a vacinação não seria compulsória”, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, decidiu nesta sexta-feira, 23, que vai levar para análise do plenário da Corte as ações que discutem o tema. “Respeito as decisões do Supremo Tribunal Federal, é a Corte suprema do País. O presidente Bolsonaro se arvora em contestar uma manifestação ainda preliminar feita pelo presidente do supremo”, comentou Doria. O governador pediu, ainda, união entre Estados e governo federal e solicitou uma reunião do presidente com os governadores, em Brasília. “Diante de uma pandemia, nós deveríamos ter o País unido”, disse. Em outro momento, afirmou que “gostaria de ter outro comportamento do presidente Bolsonaro.” “São os governados que estão, dentro dos seus programas de quarentena, salvando vidas no Brasil. Quem sabe com uma atitude como essa (de fazer a reunião), o senhor pode demonstrar grandeza não só apenas para integrar o Brasil, proteger os brasileiros, como com compaixão e bom sentimento ao povo do seu País.”

Doria também elogiou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, quem afirmou ser um “homem correto e de bem”. Além disso, fez votos de melhora ao líder, que está com Covid-19. “Venho reafirmar a minha confiança no ministro da Saúde, general Pazuello, que tem sido correto. Ele foi evidentemente desautorizado pelo Presidente da República num ato condenável, que, aliás, se repetiu pela terceira vez, o terceiro ministro da Saúde desautorizado pelo Presidente da República”, finalizou.

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