Empresa alvo da Triplo X é “grande lavadora de dinheiro”, diz procurador

  • Por Agência Estado
  • 27/01/2016 12h02
PR - LAVA JATO/22ª FASE/PR - POLÍTICA - E/D: Igor Romário de Paula, delegado de Crimes Econômicos e Ordem Fiscal; Rosalvo Ferreira Santos, superintendente regional da Polícia Federal; e Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador do Ministério Público Federal, durante coletiva de imprensa na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, nesta quarta- feira, 27. Foi deflagrada hoje a 22ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Operação Triplo X. A polícia tem 23 mandados judiciais para cumprir, sendo seis de prisão temporária, 15 mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. Em São Paulo, a ação ocorre na capital, em Santo André e São Bernardo do Campo e, em Santa Catarina, em Joaçaba. 27/01/2016 - Foto: GERALDO BUBNIAK/AGB/ESTADÃO CONTEÚDO Geraldo Bubniak/Estadão Conteúdo Coletiva sobre 22ª fase da Operação Lava Jato (Estadão Conteúdo)

Alvo da Operação Triplo X, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira, 27, a offshore Mossack Fonseca pode abrir novas frentes de investigação na Lava Jato. Segundo o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a empresa “participava de um grande esquema de lavagem de dinheiro”.

“Fica evidenciado que a Mossack Fonseca era uma grande lavadora, participava de um grande esquema de lavagem. Oferecia seu serviço a esquemas dos mais diversos. Nós temos indicações de que a participação dela em outro esquema em andamento no qual não é nossa responsabilidade”, declarou o procurador.

A Mossack Fonseca é alvo de mandado de busca e apreensão. Três investigados ligados à empresa foram presos temporariamente (válida por 5 dias): Neuci Warker, Ricardo Honório Neto e Renata Pereira Brito.

Na decisão em que manda fazer buscas nos endereços da Mossack, o juiz federal Sérgio Moro destacou. “No curso das investigações, foi constatado que diversos agentes envolvidos no esquema criminoso que vitimou a Petrobras teriam utilizado os serviços da empresa Mossack Fonseca & Corporate Services para abertura de empresas offshores, posteriormente utilizadas para ocultar e dissimular o produto do crime de corrupção.” 

A Mossack Fonseca & Corporate Services é sediada no Panamá e tem representação no Brasil, com sede na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. Consta como sócio da Mossack Ricardo Honorio Neto, mas quem administra a empresa, segundo a Polícia Federal, é Maria Mercedes Riano Quijano, conforme se apurou na interceptação telefônica autorizada judicialmente.

A PF investiga ainda um advogado panamenho (Edison Ernesto Teano Rivera) e dois venezuelanos (Fernando Hernandez Rivero e Andres Cuesta Hernandez).

Segundo o delegado Igor Romário de Paula, da força-tarefa da Lava Jato, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o lobista Mário Goes e o ex-gerente executivo da estatal Pedro Barusco tiveram offshores abertas pela Mossack Fonseca. O delegado afirmou que “provavelmente vai se descobrir muita coisa”.

“A Mossack é bem mais ampla do que o caso Lava Jato. Ela tem demanda, porque a demanda de dinheiro sujo no Brasil é farta e precisa ser lavado. Não só ela já apresentou indícios de aparecer em outras investigações que foram deflagradas como muito provavelmente vai se descobrir muita coisa, porque a gente não pode descartar o encontro fortuito de provas para outras investigações”, disse o delegado.

Durante a entrevista coletiva, o delegado e o procurador se referiram a Renato Duque como “colaborador”, ao lado de Pedro Barusco. Indagado em seguida, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou. “Ato falho.”

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