Enem tem abstenção recorde de 51,5% e ministro culpa ‘mídia’
Segundo Milton Ribeiro, o adiamento do exame iria ‘atrasar muito a vida dos estudantes’; faltaram ao primeiro dia de provas 2,8 milhões de candidatos
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, participou de coletiva de imprensa neste domingo, 17, para comentar sobre o primeiro dia de provas do Enem 2020. Ribeiro afirmou que conferiu a aplicação da prova em dois estados, Goiás e Paraná, e que “as coisas caminharam muito bem”. O ministro disse que a abstenção recorde de 51,5%, quase o dobro do Enem 2019, foi consequência do “medo a respeito da contaminação” e da propaganda “contrária” ao exame feito pela “mídia”. É a maior abstenção desde 2009, com 37,7%. Segundo Ribeiro, apesar da alta abstenção, o adiamento do exame iria “atrasar muito a vida dos estudantes, sobretudo os estudantes oriundos de escolas públicas”. Faltaram ao primeiro dia de provas cerca de 2,8 milhões de candidatos. O ministro também atribui a abstenção de mais de 50% dos estudantes a isenção da taxa de inscrição. “Houve também um componente diferente: em um um último momento, oferecemos a isenção de ofício. Então, nós sabemos que muitas vezes o aluno faz a inscrição e, eventualmente, pensa: ‘ah, eu não paguei nada, eu posso faltar'”, justificou o ministro. Milton Ribeiro considerou que a prova foi um “sucesso” para “aqueles que conseguiram realizá-la”.
Nas redes sociais, muitos candidatos reclamaram da lotação de salas. Os participantes que relataram salas vazias afirmaram que muitos cartões de provas não foram entregues. “A sala onde fiz a prova tinha poucas pessoas, mas se todo mundo que tava na lista tivesse ido, iria ficar super lotada. O distanciamento aconteceu só porque as pessoas deixaram de ir”, escreveu um estudante. “Só tinham 7 pessoas na minha sala e quase 30 carteiras vazias. Quando foram fazer a chamada para entregar as provas, as 30 carteiras vazias foram das 30 pessoas que faltaram. Imagina se essas 30 tivesse ido?”, disse outro. Além da aglomeração, candidatos afirmaram que, em muitos locais de prova, as janelas estavam fechadas, apenas com ar-condicionados ligados.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, afirmou que o Enem foi seguro no ponto de vista sanitário. “Não teve nenhum local de prova interditado por questões de saúde”, afirmou Lopes. O presidente do Inep informou que 11 locais relataram dificuldades para os “alunos realizarem a prova”. De acordo com ele, a partir do dia 25 de janeiro, o aluno que se sentiu prejudicado durante a aplicação do exame poderá solicitar a reaplicação da prova. As cidades de Florianópolis, Curitiba, Londrina, Pelotas, Caxias de Sul e Canoas reportaram que alguns candidatos foram proibidos de entrar na sala de aplicação do exame por causa da superlotação do local. O presidente do Inep afirmou que os aplicadores foram orientados a, caso a sala lotasse, destinar os participantes a outra sala da mesma escola, a uma sala reserva ou orientá-los a solicitar a reaplicação da prova.
Neste domingo, foram aplicadas as provas objetivas de linguagens e ciências humanas, com 45 questões cada, e a prova de redação. O tema da redação foi “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”. Os candidatos que foram diagnosticados com a Covid-19 poderão remarcar a data da prova. Além da infecção pelo novo coronavírus, o Inep também possibilita a nova chance de realizar o exame em casos de confirmação de outras doenças infecciosas, sendo elas coqueluche, difteria, doença invasiva por haemophilus influenza, doença meningocócica e outras meningites, varíola, influenza humana A e B, poliomielite por poliovírus selvagem, sarampo, rubéola e varicela. O exame será reaplicado nos dias 23 e 24 de fevereiro. Os estudantes do estado de Amazonas, que sofre com alto número de casos e óbitos por Covid-19, também participarão da reaplicação.
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