Especialistas em Inteligência da Receita aderem a protesto e entregam cargos

Setor atua no combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e sonegação; total de servidores que pediram exoneração já passa de 630

  • Por Jovem Pan
  • 23/12/2021 18h11 - Atualizado em 23/12/2021 18h18
Marcelo Camargo/Agência Brasil Pilar prateado com o logo e os dizeres Superintendência da Receita Federal, em Brasília.

Especialistas em inteligência da Receita Federal estão entre os 635 auditores que entregaram seus cargos em protesto ao corte de verbas do órgão de R$ 1,2 bilhão. Em carta emitida na tarde desta quinta-feira, 23, titulares e substitutos da Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação (Copei) anunciaram a exoneração coletiva. O setor atua, principalmente, no combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e sonegação. “Sabemos do papel estratégico desempenhado pela Copei na atuação da Receita Federal, no Sistema Brasileiro de Inteligência e no combate às diversas modalidades de crimes financeiros, aduaneiros e tributários. Estamos certos, também, de que há momentos que requerem ações visando resultados mediatos, que se sobrepujam ao compromisso com potenciais resultados imediatos”, diz a nota assinada pelos auditores.

“Não podemos e tão pouco furtaremos à luta, quando nossa instituição sofre o presente aviltamento através do corte dos recursos necessários ao seu funcionamento. Funcionamento cujo resultado é a garantia da arrecadação necessária à atuação do próprio Estado. Ademais, tal solicitação se deve ao descaso demonstrado pelo atual governo ao tratar da pauta remuneratória da categoria, descumprindo o compromisso assumido para instituir a regulamentação do bônus de eficiência, atrasada e aguardada há cinco anos”, acrescenta o texto. “Considerando o exposto, entendemos que a situação atual se mostra incompatível com o empenho no exercício de nossas funções. Assim, solicitamos nossa exoneração do cargo ou função que ocupamos, com efeitos imediatos”, finaliza.

A exoneração coletiva, iniciada na última terça-feira, foi desencadeada pela soma do corte de verbas à insatisfação com um acordo que o Ministério da Economia não teria cumprido em relação ao “bônus de eficiência”. A gratificação, que deveria ter valor variável de acordo com o desempenho dos auditores, está prevista em lei desde 2017, mas ainda não foi regulamentada. Além disso, a Receita Federal sofreu um corte de R$ 1,2 bilhão no Orçamento aprovado para 2022, e o sindicato nacional dos auditores (Sindifisco) alega que o valor foi retirado do órgão para custear o reajuste salarial dos policiais federais. Procurada pela reportagem da Jovem Pan, o Ministério da Economia não quis falar sobre o assunto. Já o relator-geral do Orçamento, o deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ), também não esclareceu se o reajuste dos policiais, de fato, saiu da verba da Receita Federal.

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