Governo vai adquirir ‘todas doses disponíveis’ da vacina da Pfizer

O acordo com a farmacêutica foi fechado hoje e os imunizantes devem ser distribuídos ao longo do ano; ainda não há informações sobre o número de doses

  • Por Jovem Pan
  • 03/03/2021 17h34 - Atualizado em 03/03/2021 17h37
REUTERS/Ueslei Marcelino/02.2021 Dois frascos de vacina com tampa roxa diante de um fundo azul Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 23, uma Medida Provisória (MP) que facilita a compra de vacinas e insumos

O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira, 3, que o governo vai adquirir todas as doses disponíveis da vacina da PfizerBioNTech contra a Covid-19. A informação foi confirmada pela Jovem Pan com a equipe do Ministério da Saúde. O acordo com a farmacêutica foi fechado hoje. O registro definitivo do imunizante da Pfizer foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no último dia 23. O aval permanente é um sinal verde para que o imunizante seja distribuído e utilizado para toda a população prevista na bula — não apenas pelos grupos prioritários, permitidos no uso emergencial.

Em reunião nesta quarta, o ministro Eduardo Pazuello garantiu estabilidade no cronograma de entregas de vacinas a partir de março, com a previsão da chegada de mais imunizantes até o fim do mês. “A partir desta semana, já há uma estabilização da produção nacional, pelo Butantan e pela Fiocruz. Vamos ter entregas em quantidades muito boas. É o tempo de vacinar e chegar mais vacinas. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) está garantido”, disse. Para março, estão previstas as entregas de cerca de 4 milhões de doses da AstraZeneca/Oxford — será a primeira remessa de imunizantes produzidas no Brasil pela Fiocruz com IFA importado –, além de mais doses do Instituto Butantan.

Negociações com a Pfizer

Além da dificuldade para transportar e armazenar o imunizante por conta das exigências, as negociações com o Ministério da Saúde estavam atravancadas por questões “leoninas” impostas pela Pfizer, segundo Pazuello. Os problemas, de acordo com ele, estariam em três cláusulas: a de que o governo federal deveria se responsabilizar “até a eternidade” pelos efeitos colaterais da vacina, a de que ativos brasileiros no exterior deveriam ficar disponíveis à Pfizer para cobrir como caução ações no exterior e a de que a Justiça brasileira deveria abrir mão da sua capacidade de julgar a empresa. No entanto, a Câmara dos Deputados aprovou, no último dia 23, uma Medida Provisória (MP) que facilitou a compra de vacinas e insumos. Entre outros pontos, a MP dispensa licitação e prevê regras mais flexíveis para os contratos.

Eficácia da Pfizer

O sistema de saúde público da Inglaterra divulgou nesta segunda-feira, 1º, os resultados de um estudo preliminar sobre os efeitos da primeira dose das vacinas contra a Covid-19 que estão sendo utilizadas no país, a da PfizerBioNTech e a da AstraZenecaUniversidade de OxfordA pesquisa apontou para uma redução em cerca de 80% da internação de idosos com mais de 80 anos e uma diminuição de aproximadamente 60% na aparição de sintomas da doença entre aqueles com mais de 70.

O imunizante apresentou uma eficácia global de 95%. Nos idosos com mais de 65 anos, esse número chegou em 94%. Segundo um estudo realizado em sete mil profissionais da saúde que trabalham no Hospital Sheba, em Israel, duas semanas depois de ser aplicada, a primeira dose da vacina da Pfizer é capaz de reduzir em 75% as infecções pelo coronavírus. Isso sugere que é possível adiar a administração da segunda dose em países com escassez de vacinas, para que mais pessoas possam ser inoculadas antes. Os resultados foram divulgados no dia 19 de fevereiro pela prestigiada revista científica The Lancet. A pesquisa também mostrou uma redução de 85% no número de pessoas que apresentaram sintomas da Covid-19. Além disso, a Pfizer e a BioNTech anunciaram que a sua vacina pode ser armazenada e transportada entre -15°C e -25°C, temperaturas alcançadas por freezers comuns. Até então, a orientação era que os imunizantes fossem mantidos entre -60°C e -80°C, o que exigia o uso de equipamentos sofisticados e dificultava a compra da vacina pelo Ministério da Saúde.

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