Graça Foster disse na CPI da Petrobras que Lava Jato fez bem à empresa

  • Por Agência Brasil
  • 26/03/2015 17h48
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Graça Foster Ricardo Borges/Folhapress Graça foster

No depoimento, hoje (26), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras da Câmara dos Deputados, a ex-presidenta da estatal Graça Foster disse que os desdobramentos da Operação Lava Jato fazem bem à empresa. Ela acrescentou que as investigações estão mudando o país e representam uma lição “que não vai ser esquecida nunca mais”.

“Não posso deixar de repetir aqui o bem que a Lava Jato está fazendo à Petrobras”, ressaltou a ex-presidenta da petrolífera aos deputados. Ela disse estar constrangida com casos de corrupção na Petrobras e que acredita que a corrupção começou fora da empresa. “Eu passo horas dos meus dias pensando no que aconteceu com a Petrobras”.

Graça Foster afirmou que  “poderia ter todas as suspeitas”, mas faltavam os fatos apurados. Ao mesmo tempo, disse sentir um “constrangimento muito grande” ao ter que comparecer na CPI para tratar do assunto.

Ela frisou que não acredita que houvesse corrupção institucionalizada na empresa, afirmação defendida pelo também ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli. Nas mais de cinco horas de depoimento, Graça Foster respondeu as perguntas dos parlamentares relativas a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e sobre a participação da Petrobras nos projetos que envolvem a transportadora Gasene e a empresa Sete Brasil.

Para ela, aos “olhos de hoje”, a compra da Refinaria de Pasadena foi um erro. “Dizer que Pasadena é um mau negócio em 2014 e 2015 é fácil, mas a questão de Pasadena lá atrás de fazer uma Revanp [investimentos necessários para aumentar a capacidade de refino] pareceu ser um negocio positivo”, afirmou.

Ao falar da Abreu e Lima, a ex-presidente da Petrobras afirmou que o aumento do custo final da refinaria deveu-se a ausência de um projeto básico estruturado. Estimada em US$ 2,5 bilhões, a refinaria teve seu valor final orçado em US$ 18,5 bilhões, em razão de uma série de aditivos ao contrato. “Se você não tem projetos básicos de qualidade, você vai ter aditivos. Na Abreu e Lima a questão principal foram as mudanças sucessivas no projeto. Até as características do petróleo que seria refinado ali mudaram durante o processo”, explicou.

Ao tratar do caso envolvendo a empresa holandesa SBM Offshore, Graça Foster defendeu sua gestão e disse que mandou cancelar todos os contratos da Petrobras com a empresa assim que soube do pagamento de propinas a diretores da estatal.

Ela defendeu o projeto de estruturação da empresa Gasene, uma sociedade para fins específicos (SPE) aberta para construir um gasoduto entre o Espírito Santo e a Bahia, assim como o projeto de estruturação da empresa Sete Brasil, responsável pela construção de 28 sondas de perfuração em águas ultraprofundas. Mas disse ter ficado envergonhada ao descobrir que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco recebeu propina na avaliação do projeto. “Tenho orgulho de ter participado disso, mas tenho vergonha também”, explicou.

Foster disse que a governança da empresa precisava ser melhor para poder ter detectado “o caos de corrupção”, mas que assim que detectou maus feitos criou a diretoria de Governança e Compliance.

A ex-dirigente da Petrobras destacou que o valor contábil de R$ 88 bilhões referentes a perdas da estatal, que consta no balanço da empresa, apresentado ao Conselho de Administração em janeiro deste ano não foi fruto somente de corrupção. Segundo Graça Foster o valor inclui “uma série de ineficiências” e as chuvas e “outros fatores” que não representam o número da corrupção.

Os próximos depoimentos marcados pela CPI são os do ex-gerente-geral da refinaria Abreu e Lima Glauco Legatti, previsto para o 31 de março. Na semana seguinte, deve ser ouvido o novo diretor de Gás e Energia da companhia, Hugo Repsold.

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