Hospital referência em Porto Alegre tem UTI lotada e fila por respiradores

Segundo dados estaduais, todas as 3 mil UTIs do Rio Grande do Sul estão ocupadas; médico narra crescimento exponencial de infectados pela Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2021 10h20
EDUARDO VALENTE/ISHOOT/ESTADÃO CONTEÚDO - 01/03/2021 Médicos dentro de unidade de tratamento intensivo UTIs estão lotadas no estado do sul do país

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no Rio Grande do Sul, não tem mais respiradores adequados e suficientes para o número de pacientes que necessitam do equipamento. A unidade, considerada como referência para atendimento de casos da Covid-19 no Estado do Sul do Brasil, opera além da capacidade: de 105 leitos críticos inicialmente previstos para casos de pacientes com o novo coronavírus, o número passou para 132, com 27 pacientes instalados em leitos extras no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e também na área da emergência. A taxa de ocupação é de 126%. O crescimento nos atendimentos fez com que a unidade, ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), não conseguisse atender a demanda por respiradores para aqueles com pulmão comprometido pela Covid-19.

Hoje, o hospital usa respiradores de menor capacidade em parte dos pacientes com lesões pulmonares que demanda um modelo de maior capacidade. Há fila de espera para pessoas que aguardam por qualquer tipo de respirador. O médico infectologista do Hospital de Clínicas Alexandre Zavascki, disse que a situação tem feito com que pacientes aguardem a disponibilidade do equipamento mesmo já tendo indicação para serem intubados. “Temos pacientes que já teriam indicação, mas como não entraram em falência, eles ficam na enfermaria na modalidade possível. Há pacientes falecendo sem acesso ao ventilador”, relatou. O especialista considera a propagação da doença como algo que ocorre de uma maneira “nunca antes vista”. “É uma aumento exponencial, com mudança completa da capacidade de atendimento do hospital, com necessidade de expansão rápida de leitos e recrutamento de novas equipes. Estamos usando muita criatividade para conseguir manter o atendimento diante da explosão de casos”, disse.

O Rio Grande do Sul está sob bandeira preta, o que representa risco altíssimo na avaliação do governo do Estado. A gestão do governador Eduardo Leite (PSDB) adotou novas medidas restritivas nesta semana para tentar frear a propagação do vírus, mas os efeitos ainda devem levar um tempo indeterminado para serem sentidos sobre os indicadores. Todas as 3 mil UTIs das cidades gaúchas estão ocupadas. Em nota, o Hospital de Clínicas disse que nesse momento a demanda por respiradores “ultrapassa a capacidade de resposta hospitalar mesmo com realocações e compras emergenciais de equipamentos”. “O HCPA solicitou auxílio aos gestores municipais e estaduais para aquisição de equipamentos com características técnicas que atendam às necessidades dos pacientes com Covid-19, e segue realizando esforços para suprir a demanda e garantir a assistência”, afirmou documento.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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