9 milhões perderam o trabalho na pandemia e desemprego bate recorde de 13,3%

País possui o total de 12,8 milhões de pessoas desocupadas no trimestre encerrado em junho, segundo IBGE; quedas nos números de trabalhadores com carteira assinada (8,9%) e no de informais (21,6%) são as maiores da série histórica

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2020 09h24 - Atualizado em 06/08/2020 13h45
Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas Em igual período de 2019, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 12,0%

O acirramento da crise econômica ceifou o emprego de 8,9 milhões de brasileiros entre os meses de abril e junho — ciclo que compreende o pior momento da pandemia do novo coronavírus —, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta-feira, 6. A taxa de desemprego no Brasil no trimestre encerrado em junho chegou a 13,3%, um recorde para o período. Ao todo, o país soma 12,8 milhões de pessoas desocupadas. No trimestre encerrado em maio, o nível era de 12,9%, totalizando 12,7 milhões de pessoas.

A população empregada no segundo trimestre de 2020 é de 83,3 milhões de pessoas, o menor nível desde o início da série histórica iniciada em 2012. O índice é 9,6% menor — 8,9 milhões de pessoas a menos — em comparação com o trimestre anterior, e representa retração de 10,7% com o mesmo período do ano passado, ou 10 milhões de pessoas a menos. As duas quedas também representam recordes da série, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Adriana Beringuy, analista do levantamento, a taxa de desemprego subiu por causa da redução da força de trabalho, que soma pessoas ocupadas e desocupadas. “Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, explica. O encolhimento do mercado de trabalho é um dos principais reflexos dos efeitos da pandemia na economia real. Mais de 1,2 milhão de postos de trabalho foram fechados no primeiro semestre, o maior corte para o período desde o início da série histórica, em 1992, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia

O governo federal estuda outra extensão do auxílio emergencial para até o fim do ano, mas com um valor menor do que os R$ 600 pagos atualmente. O custo do pacote aos cofres públicos é o principal entrave para a renovação das parcelas. Segundo dados da equipe econômica, serão gastos R$ 254 bilhões durante os cinco meses de cobertura, aproximadamente R$ 50 bilhões ao mês. O reforço de renda foi anunciado como forma de mitigar os efeitos da pandemia na economia com duração inicial de três meses, porém, em junho, o governo federal anunciou a prorrogação por mais dois meses.

nível da ocupação, ou o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, caiu 5,6 pontos percentuais frente ao trimestre anterior (53,5%), atingindo 47,9% no trimestre de abril a junho de 2020, o menor da série histórica. A população subutilizada também bateu recorde ao atingir 31,9 milhões de pessoas no segundo trimestre, alta de 15,7% — 4,3 milhões de brasileiros a mais — em comparação ao trimestre anterior, e 12,5%, ou 3,5 milhões de pessoas a mais, em comparação ao mesmo período de 2019. O número de trabalhadores com carteira assinada também bateu recorde negativo com queda de 8,9% em comparação com janeiro a março, totalizando 30,2 milhões de pessoas. Os informais também chegaram ao menor nível da série histórica com a queda de 2,4 milhões de pessoas, ou 21,6% a menos no que no trimestre anterior.

A população desalentada, que compreende aqueles que não foram em busca de emprego, mas têm vontade de trabalhar, chegou a 5,7 milhões de pessoas, o maior contingente da história. A alta foi de 19,1% em comparação com o trimestre encerrado em março, o que representa 913 mil pessoas a mais nessa situação. “É um crescimento recorde tanto na comparação trimestral quanto na anual. Há um aumento da força potencial de pessoas que apesar de não estarem procurando trabalho, elas até gostariam e quando a gente observa internamente as razões por essa não procura por trabalho, um grande contingente alega motivos ligados à pandemia”, afirma Beringuy.

 

 

 

 

 

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