Doria rebate Bolsonaro e diz que SP não irá ‘colocar a economia acima da vida’

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2020 13h31 - Atualizado em 25/03/2020 13h41
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Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo João Doria, governador do estado de São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), rebateu Jair Bolsonaro após a tensa reunião virtual ocorrida nesta quarta-feira (25) entre o presidente da República e os governadores dos estados do Sudeste. Em coletiva de imprensa no início da tarde, o tucano, que foi alvo de fortes ataques por parte de Bolsonaro durante a videoconferência, cobrou liderança e seriedade do mandatário durante a pandemia de coronavírus. Para Doria, o presidente, que chegou a classificar como um “crime” as medidas de restrições impostas por alguns governadores, não deve “politizar” e nem transformar a questão em um “palanque”.

“Todos aceitamos participar de maneira republicana da conferência com o presidente Jair Bolsonaro e ministros. Quando falei, mencionei a importância dessa integração… Uma ação conjunta nessa situação é essencial. Não é hora de separatismos, de rivalidades. É hora de todos estarmos juntos nessa guerra contra o coronavírus. Posicionei na introdução que havia ficado decepcionado com a intervenção feita por ele em rede nacional, discordando do posicionamento e entendendo que, para os brasileiros de São Paulo, o conteúdo foi absolutamente equivocado e não tem sintonia com o Ministério da Saúde”, explicou Doria, referindo-se ao pronunciamento feito por Bolsonaro na noite da última terça-feira, no qual o presidente defendeu o fim do “confinamento em massa” e pediu a volta à “normalidade”.

“Não fiz colocações politicas, acusações, nem alterei o tom de voz. A proposta foi pelo entendimento e diálogo, integração de atitudes e medidas. É um assunto sério e difícil, a maior crise de saúde pública do País. Não é gripe, não é resfriado, é um assunto grave. Foram 46 vítimas até o presente momento e ainda não entramos no pico. Portanto, não politize a questão, não transforme em palanque. Estamos preocupados em salvar vidas”, acrescentou.

Em certo momento, Doria falou diretamente a Bolsonaro. “Queria dedicar ao presidente uma reflexão: não é no desafio pessoal que vamos construir soluções para essa grave crise. É no entendimento, na capacidade de interpretar corretamente o fato. Presidente, vamos refletir juntos: não pode haver fronteiras entre a solidariedade e o amor ao próximo… Pense nisso, lidere o seu País, o seu povo, com a alma aberta, o coração aberto, fazendo o bem às pessoas”.

Por fim, o governador voltou a cutucar o presidente, ressaltando que São Paulo não irá “abandonar as pessoas à própria sorte”. “São Paulo tem 6,8 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Será que é razoável, será que é justificável, será que é humano, será que é legítimo abandonar essas pessoas à própria sorte? Colocar a economia acima da vida? São Paulo não fará isso. São Paulo vai defender as pessoas, proteger vidas e sobretudo da população mais frágil”, encerrou.

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