Justiça determina que Arthur do Val retire publicações em que acusa Padre Julio Lancelotti

Posts caracterizariam ‘propaganda eleitoral vedada’; advogado de Mamãe Falei chamou decisão de censura e disse que vai recorrer

  • Por Carolina Fortes
  • 01/10/2020 17h18 - Atualizado em 01/10/2020 17h21
Instagram padre-julio-lancelotti Padre Julio denunciou ter sofrido ameaças após as críticas de Arthur do Val

A Justiça Eleitoral determinou, nesta quinta-feira, 1º, que o Facebook, o Instagram e o Google excluam imediatamente oito publicações feitas pelo candidato à prefeitura de São Paulo, Arthur do Val (Patriotas), apelidado de Mamãe Falei, em que ele faz acusações contra o Padre Julio Lancelotti. De acordo com a 2ª Vara Eleitoral, os posts caracterizam “propaganda eleitoral vedada”, além de “configurar desnecessária atribuição de características pejorativas e desonrosas que acabam por inflamar o ânimo dos eleitores”. Famoso por ações humanitárias junto à população em situação de rua no centro de São Paulo, Padre Julio denunciou ter sofrido ameaças após as críticas de Arthur do Val.

O advogado de Mamãe Falei e candidato a vereador, Rubinho Nunes (MBL), chamou a decisão de “censura” e afirmou que vai recorrer. “Vemos um lobby gigantesco tanto dos órgãos públicos que cerceiam a liberdade de expressão de qualquer um que se coloquie contra a Cracolândia e também contra a farsa que é o Padre Julio. Os comentários do Arthur foram baseados em fatos. Não vamos admitir qualquer censura, não houve propaganda eleitoral, foram opiniões que ele fala inclusive dentro da atuação dele enquanto deputado estadual”, disse Nunes em entrevista à Jovem Pan. Nas publicações, Mamãe Falei chamou Padre Julio de “cafetão da miséria” e chegou a insinuar que Lancellotti teria realizado ato de improbidade administrativa: “o próprio Pe. Júlio Lancellotti já foi funcionário da Febem, mas dizem, não sou eu quem estou dizendo, dizem que, supostamente, ele não aparecia muito lá. Só uma pergunta. Será que ele era funcionário fantasma?”, escreveu.

O processo contra o candidato foi aberto pelo Ministério Público Federal (MPF), que alegou que Arthur do Val estaria produzindo propaganda eleitoral antecipada, “objetivando tornar-se mais conhecido do eleitorado, ao criar polêmica em relação à figura pública do referido padre”. Além disso, argumentou que ele estaria “caluniando, difamando e injuriando” Lancelloti, “para fazer-se conhecido do eleitorado antes do período permitido para a realização da propaganda eleitoral, liberada apenas a partir do dia 26 de setembro”. O MPF também requereu a procedência do pedido para determinar que o deputado “se abstenha de
divulgar novamente os conteúdos ilícitos ora apontados, sob pena de multa diária em caso de descumprimento”.

Críticas

Em uma entrevista recente ao El País, Do Val criticou as ações direcionadas a população em situação de rua. Para ele, “o centro histórico não pode ser um ambiente onde você dá a comida e o morador de rua pegue seu cobertor, durma na rua, e sabe-se lá onde esse cara vai fazer suas necessidades e largar o lixo daquela marmita”. O candidato disse que as ações promovidas pelo Padre Julio “não solucionam o problema”. “As pessoas acreditam que o padre conhece aquela realidade, mas não, ele aparece para dar marmita a serviço de ONGs, mas não soluciona o problema. Eu duvido que o padre tenha dado uma volta na Cracolândia”. Em outra publicação, Mamãe Falei escreveu: “O que o Padre Lancellotti faz é deplorável. A Igreja Católica tem uma linda histórica (sic) e não pode ficar a mercê de um cafetão da miséria. Nunca ameacei ninguém, nem ele. Ele é uma das maiores farsas do Brasil, em breve vocês saberão. Vou desmascarar esse padre”.

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