Oposição promete obstrução de crédito suplementar se não houver diálogo com governo

  • Por Jovem Pan
  • 04/06/2019 14h54 - Atualizado em 04/06/2019 15h14
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Thyago Marcel/Câmara dos Deputados Oposição quer negociar montante de R$248,9 bilhões e áreas para onde o valor seria destinado

A oposição poderá obstruir a votação do crédito suplementar de R$248,9 bilhões que o governo pediu ao Congresso, segundo o líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS). A ameça é de que o tema fique travado caso não haja uma discussão ampla com o parlamento sobre o valor e a destinação do montante.

O deputado Hildo Rocha (MDB-MA), relator do crédito suplementar, apresentou seu parecer dando aval integral ao pedido do governo na noite desta segunda (3). De acordo com ele, a expectativa é votar a autorização do crédito nesta quarta (5), na Comissão Mista de Orçamento. Mais tarde, o texto deve ser apreciado no plenário. Uma sessão para votar vetos e o projeto foi marcada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

“Não vamos votar a favor sem uma discussão transparente, que ainda não aconteceu. O governo até agora não nos procurou e nós queremos debater a questão”, disse Pimenta. Ele defende que um crédito suplementar de cerca de R$ 90 bilhões já seria suficiente para que o governo quite o pagamento de benefícios sociais e subsídios agrícolas com recursos obtidos via empréstimos, sem que isso afronte a Constituição.

O próprio relator chegou a cogitar reduzir o valor autorizado para a emissão de novas dívidas, com o intuito de limitar o endividamento adicional do governo e evitar o pagamento excessivo de juros. Isso porque hoje a insuficiência da regra de ouro é menor que os R$ 248,9 bilhões calculados no ano passado. Nos cálculos do governo, serão necessários no máximo R$ 146,4 bilhões para cobrir o rombo na norma. Mas, a avaliação é de que mudanças neste momento do valor exigiriam um esforço político muito maior, em um momento em que o governo não tem uma base de apoio consolidada no Congresso.

O governo já havia alertado que o crédito precisa ser aprovado até 15 de junho para não haver risco aos repasses a aposentados, pessoas carentes que recebem assistência do governo, beneficiários do Bolsa Família e produtores que dependem do Plano Safra 2019/2020.

Pimenta também defende que, do valor que for aprovado, R$ 5 bilhões sejam destinados exclusivamente para educação, R$ 3 bilhões para projetos do Minha Casa Minha Vida, R$ 2 bilhões para a recomposição de bolsas de estudo da área de ciência e tecnologia e R$ 1 bilhão para a compra de medicamentos de uso controlado pelo ministério da Saúde.

“Essas são condições que vamos apresentar para não obstruir a votação tanto na CMO quanto na sessão do Congresso. São as preliminares da discussão e agora vamos aguardar sermos procurados pelo governo para conversar”, afirmou o líder do PT.

O aval especial é preciso porque o governo corre o risco de descumprir a chamada regra de ouro do Orçamento, que impede a emissão de dívida para pagar despesas correntes, como salários.

A aprovação de um crédito suplementar por metade do Congresso é a única exceção para que dinheiro de empréstimos seja usado para bancar esses gastos sem que o presidente cometa crime de responsabilidade, passível de impeachment.

Estadão Conteúdo

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