Lobista diz que abriu conta na Suíça para pagar Eduardo Cunha

  • Por Agência Estado
  • 28/09/2015 17h15
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CURITIBA, PR, 22.09.2015: OPERAÇÃO-LAVA JATO - João Augusto Rezende Henriques no IML de Curitiba, no Paraná, para exame de corpo de delito, nesta terça-feira (22). A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (21) João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador ligado ao PMDB, em nova fase da Operação Lava Jato que investiga a suspeita de desvios em contratos da estatal Eletronuclear. (Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress) Folhapress João Augusto Rezende Henriques no IML de Curitiba

O empresário João Henriques, apontado como lobista ligado ao PMDB, afirmou à Polícia Federal que abriu uma conta na Suíça para pagar propina ao presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). João Henriques não especificou valores e nem a data. Segundo ele, a suposta transferência para Cunha está ligada a um contrato da Petrobras relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África.

O relato de Henriques, ocorrido na sexta-feira, 25, amplia as suspeitas sobre o presidente da Câmara. Outros dois alvos da Lava Jato, o executivo Júlio Camargo e o lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, relataram que Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões em propinas na contratação de navio sonda da Petrobras, em 2006. O presidente da Câmara foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro.

O deputado nega ter recebido dinheiro ilícito e tem dito que “não é comentarista de delação”. O lobista do PMDB, preso há uma semana, disse à PF que o repasse a Cunha foi um pedido de Felipe Diniz, filho do ex-deputado Fernando Diniz (PMDB-MG) – morto em 2009. João Henriques afirmou que não sabia que o destinatário da suposta propina era o presidente da Câmara.

“Em relação à aquisição pela Petrobras do campo de exploração em Benin, a pessoa que lhe indicou a conta para pagamento foi Felipe Diniz; que Felipe Diniz era filho de Fernando Diniz; que Felipe enfrentava dificuldades econômicas; que a conta indicada para o pagamento pertencia a Eduardo Cunha; que o interrogando só veio a saber disso na Suíça, em virtude do processo de bloqueio de contas que enfrentou; que reforça que somente soube da titularidade da conta há cerca de 2 meses; que nunca teve qualquer relação com Eduardo Cunha; que não sabe o motivo pelo qual Felipe Diniz indicou a conta de Eduardo Cunha para o recebimento de valores no exterior”, relatou.

João Henriques afirmou que para fazer a negociação abriu a empresa Acona, com conta no banco BSI, na Suíça. “Esta conta foi bloqueada na Suíça após as autoridades locais terem tomado ciência da reportagem da revista Época de 2013.”

À PF, o lobista do PMDB contou que foi apresentado a um empresário de nome Idalecio de Oliveira, dono de uma área na África, em Benin. João Henriques afirmou que acreditava que a área tinha “um grande potencial de exploração”.

“Era perto da Nigéria, e a Nigéria era a maior produtora de óleo da costa da África. Eu peguei, o contratei, e o custo foi meu, geólogos que eu conhecia. Eles avaliaram e falaram que a área era ótima. Combinei com Idalecio que ganharia um sucess fee. Se a gente conseguisse vender a gente dividiria os lucros. Vendemos esta área para a Petrobras e a Petrobras pagou pela área em torno de US$ 15 milhões”, destacou o lobista do PMDB.

De acordo com João Henriques, Idalecio de Oliveira ficou com 50% do valor. Ele negou que tenha recebido propina e integrado “a organização criminosa que assolou a Petrobras”. “Paguei as pessoas, geólogos, todos os custos que eu tive e dei para uma pessoa que tinha me dado a dica a participação. Ele me apresentou o cliente. E todos eles me deram contas que eu transferi. Transferência você faz lá e manda. Você nem sabe pra quem está mandando.”

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