Ramos pede retificação e diz que ‘não se lembra’ se Bolsonaro falou de troca na PF

  • Por Jovem Pan
  • 13/05/2020 18h00
Wallace Martins/Estadão Conteúdo Luiz Eduardo Ramos é o atual ministro da Secretaria de Governo do Brasil

Após finalizar as declarações à Polícia Federal e ler o termo do depoimento prestado no Palácio do Planalto na tarde da última terça-feira (12), o ministro Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) pediu para fazer duas retificações quanto às afirmações sobre o suposto momento em que o presidente teria dito, durante a reunião interministerial do dia 22 de abril, que, “se não pudesse trocar o Diretor Geral da Polícia Federal ou o Superintendente da corporação no Rio de Janeiro, trocaria o próprio ministro”. A defesa do ex-ministro Sergio Moro se opôs à retificação alegando que a modificação configuraria uma alteração material, mas o pedido ficou registrado no documento.

Segundo o termo de depoimento, ao longo da oitiva Ramos afirmou: “que não foi mencionado pelo Presidente que se não pudesse trocar o Diretor Geral da Policia Federal ou o Superintendente da Policia Federal no Estado do Rio de Janeiro, ele trocaria o próprio Ministro” e “que na presença do depoente (Ramos) isso não foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer outro momento”.

Após a leitura documento, Ramos pediu para que as frases constassem como: “que não se recorda se foi mencionado pelo Presidente que se não pudesse trocar o Diretor Geral da Polícia Federal ou o Superintendente da Policia Federal no Estado do Rio de Janeiro. ele trocaria o próprio Ministro” e “que não se lembra se na presença do depoente isso foi dito na reunião do dia 22 de abril ou em qualquer”.

Ao longo da oitiva, Ramos indicou que o presidente Jair Bolsonaro queria “interferir em todos os ministérios” para “melhorar a qualidade de relatórios de inteligência”. Segundo o general, os documentos foram alvo de críticas declaradas “de forma contundente” durante a reunião ministerial do dia 22 de abril.

Na mesma ocasião, o presidente disse que, a “título de exemplo”, se ele não estivesse satisfeito com sua “segurança pessoal realizada no Rio de Janeiro” poderia trocar “até o ministro” responsável, afirmou Ramos.

O ministro também afirmou à PF que o presidente “nominou os órgãos da ABIN, Forças Armadas, Polícia Federal e Polícia Militar dos Estados” na reunião do dia 22 de abril.

No entanto, após a exibição do vídeo da reunião ministerial do dia 22, Bolsonaro afirmou que a gravação não contém as palavras “Polícia Federal”, “investigação” nem “superintendência”. “Vocês vão se surpreender quando esse vídeo aparecer”, disse o presidente nesta terça (12), na rampa do Palácio do Planalto. Na manhã desta quarta (13), o presidente reforçou que não menciona a Polícia Federal no vídeo e disse que Ramos se “equivocou”.

A referência à PF durante a reunião também foi comentada pelo ministro Augusto Heleno (GSI) que disse em depoimento que o presidente “cobrou de forma generalizada todos os Ministros na área de inteligência”. De acordo com o general, o presidente reclamou “da escassez de informações de inteligência que lhe eram repassadas para subsidiar suas decisões, fazendo citações especificas sobre sua segurança pessoal, sobre a ABIN, sobre a PF e sobre o Ministério da Defesa”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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