Médicos do Samu reclamam de sobrecarga por autópsia verbal em SP

  • Por Jovem Pan
  • 22/04/2020 12h55 - Atualizado em 22/04/2020 13h01
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LEON RODRIGUES/SECOM O médico deve declarar o óbito como "morte indeterminada - aplicada autópsia verbal", assinalando não haver sinais de morte violenta ou por causas externas

Os médicos das ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) reclamam de sobrecarga de trabalho por causa da autópsia verbal. O procedimento chega a demorar três horas, tempo em que a ambulância fica parada.

A autópsia verbal, com o preenchimento de formulário, é feita quando as informações do prontuário e da família não permitem definir causa da morte de pessoas foram do ambiente hospitalar, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Se as informações não forem suficientes, o médico deve declarar o óbito como “morte indeterminada – aplicada autópsia verbal”, assinalando não haver sinais de morte violenta ou por causas externas. A medida, autorizada pela Secretaria da Saúde do Estado e já adotada pela administração paulistana, vale para todo Estado.

Com isso, não estão sendo realizadas autópsias para casos de morte natural no Estado. O atestado de óbito é dado pelo médico que assistiu o paciente no hospital e, fora do ambiente hospitalar, pela equipe de resgate.

O presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), Eder Gatti, disse que vários profissionais reclamam da nova atribuição e falam em desvio de função. “Enquanto perde horas com a ambulância parada para preencher o questionário e colher amostras para levar para o laboratório de referência, a equipe poderia estar atendendo casos de emergência. A situação do morto não vai mudar, no entanto poderiam salvar a pessoa que precisa do socorro.”

Precariedade

Conforme Gatti, a capital já entrou na pandemia do coronavírus em situação de precariedade, operando com, no máximo, 12 ambulâncias em circulação, quando, pela recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) seriam necessárias 30 para suporte avançado.

“A Prefeitura fez reduções nas unidades do Samu em 2019, resultando em aumento no tempo médio de atendimento às emergências. Com a nova atribuição, essa situação se agrava ainda mais.”

Para ele, as equipes do Samu devem estar disponíveis para emergências, como pessoas com enfarte ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), acidentes e queimaduras graves.

“Já tivemos um cenário de ambulâncias presas em hospitais por falta de maca para retirar pacientes. Olhando esse cenário, lembro o que se passou na Itália, quando as ambulâncias chegavam ao hospital sem vaga para internação e ficavam paradas, fazendo o possível para o doente não morrer. Isso poderá acontecer aqui.”

Órgãos responsáveis

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) manifestou apoio ao decreto estadual. O conselho informou ainda ter avisado aos 150 mil médicos paulistas sobre as normas e disponibilizado orientações específicas sobre o preenchimento da declaração de óbito.

A Secretaria Municipal da Saúde da capital informou que cumpre a determinação do governo estadual, ressaltando que a prioridade do Samu é atender casos de urgência e emergência na capital.

A Secretaria da Saúde do Estado informou a medida, tomada em 21 de março, tem como objetivo a fortalecer as medidas de segurança dos profissionais da saúde, pacientes e do serviço funerário.

“Cabe esclarecer que o documento emitido nesses casos é um registro não confirmatório para covid-19 – a confirmação ocorre apenas se o teste comprovar a infecção pelo novo coronavírus, com diagnóstico por laboratórios já validados na rede de saúde.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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