Mercadante e Edinho afirmam que doações da UTC a campanhas foram legais
Presidente da construtora UTC
Presidente da construtora UTCOs ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Comunicação Social, disseram nesta sexta-feira (26) que os recursos recebidos da empresa UTC Engenharia foram doações legais para campanhas eleitorais declaradas à Justiça Eleitoral.
Os dois ministros vieram a público por meio de suas assessoria de imprensa após veículos de comunicação divulgarem que o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, listou recursos pagos a Mercadante e à campanha para reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, que teve Edinho como tesoureiro, em seu processo de delação premiada na operação Lava Jato.
O vazamento da delação do dono da UTC Engenharia levou Dilma a convocar ministros, entre eles Edinho e Mercadante, para uma reunião emergencial no Palácio da Alvorada para discutir o assunto, segundo fontes ligadas ao governo, que falaram à Reuters sob condição de anonimato.
Além dos ministros petistas, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), cujo nome aparece na lista da delação de Pessoa divulgada pela imprensa, também negou irregularidades e disse que o dinheiro recebido da empreiteira foi uma doação legal para campanha eleitoral.
Pessoa é apontado pelo Ministério Público como o coordenador de um cartel de empresas que se juntaram para obterem contratos de obras da Petrobras e, em troca, pagavam propina a funcionários da empresa, a operadores que lavavam dinheiro do esquema, a políticos e partidos. Pessoa fez acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena.
“O ministro Edinho Silva esteve com o empresário Ricardo Pessoa por três vezes para tratar de doações de campanha. A primeira, quando o conheceu, foi quando o empresário esteve no comitê da campanha em Brasília. O empresário, após o primeiro contato, organizou o fluxo de doações em três parcelas que totalizaram 7,5 milhões de reais”, afirma nota da assessoria de Edinho.
“O ministro Edinho jamais tratou de assuntos relacionados a qualquer empresa, ou órgão público com o referido empresário. As contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff foram auditadas e aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral”, completa a nota.
Na mesma linha, Mercadante disse, por meio de nota divulgada pela assessoria de imprensa da Casa Civil, que desconhece o teor da delação premiada de Pessoa, mas que recebeu 250 mil reais de doação da UTC para sua campanha derrotada ao governo de São Paulo em 2010 e outros 250 mil reais da Constran, empresa do mesmo grupo da UTC Engenharia, para a mesma campanha eleitoral.
“A empresa UTC, por ocasião da campanha ao governo do Estado de São Paulo, em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral”, afirma a nota.
“A empresa Constran Construções, que pertence ao mesmo grupo, fez uma contribuição, também devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de 250 mil reais, conforme demonstrado em prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral”, acrescentou.
Em nota, o PT informou que todas as doações recebidas pelo partido aconteceram “estritamente dentro da legislação vigente e foram posteriormente declaradas à Justiça”.
Uma das principais vozes de oposição a Dilma, o tucano Aloysio Nunes disse que recebeu doações legais da UTC Engenharia na campanha eleitoral de 2010 e que nunca conheceu Pessoa.
“Não tenho, portanto, nada a esconder quanto a esse episódio, tampouco estou sendo acusado de coisa alguma”, afirmou em nota.
“Nunca fui procurado por Ricardo Pessoa, nem antes e nem depois da campanha, para patrocinar pleitos junto à Petrobras, uma vez que, entre outras razões, é pública e notória a minha frontal oposição ao governo petista, à sombra do qual esse senhor prosperou. Aliás, não conheço Ricardo Pessoa, nunca o vi mais gordo e muito menos mais magro”, acrescenta o senador, que questionou a quem interessaria envolver seu nome na delação de Pessoa.
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