Mourão: ‘Nenhum país vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil’

  • Por Jovem Pan
  • 14/05/2020 16h37 - Atualizado em 14/05/2020 16h47
Dida Sampaio/Estadão Conteúdo Hamilton Mourão é o atual vice-presidente da República

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que nenhum outro país encontrou “solução imediata” para a crise causada pelo novo coronavírus. No entanto, segundo ele, “nenhum país vem causando tanto mal a si mesmo como o Brasil”.

Mourão classificou o momento em que o país atravessa como um “estrago institucional” que já estava em curso e agora atingiu “as raias da insensatez, está levando o País ao caos”. As afirmações foram publicadas em um artigo para a edição do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira (14).

No texto, o vice resume o momento e a maneira como a sociedade se comporta diante da crise em quatro pontos: polarização, degradação, usurpação e prejuízo à imagem do País.

Ao analisar o primeiro ponto, Mourão afirma que a polarização que tomou conta da sociedade e que não há diálogo. “Outra praga destes dias que tem muitos lados, pois se radicaliza por tudo, a começar pela opinião, que no Brasil corre o risco de ser judicializada, sempre pelo mesmo viés. Tornamo-nos assim incapazes do essencial para enfrentar qualquer problema: sentar à mesa, conversar e debater”.

Ele cita também que há “degradação do conhecimento político” por parte de governadores, magistrados e legisladores que “esquecem que o Brasil não é uma confederação, mas uma federação, a forma de organização política criada pelos EUA em que o governo central não é um agente dos Estados que a constituem, é parte de um sistema federal que se estende por toda a União”.

Ao abordar a “usurpação das prerrogativas do Poder Executivo”, ele diz que a regra da separação dos Poderes é “estilhaçada no Brasil de hoje pela profusão de decisões de presidentes de outros Poderes, de juízes de todas as instâncias e de procuradores, que, sem deterem mandatos de autoridade executiva, intentam exercê-la”.

Para ele, a imagem do Brasil pode ser afetada no exterior “decorrente das manifestações de personalidades que, tendo exercido funções de relevância em administrações anteriores, por se sentirem desprestigiados ou simplesmente inconformados com o governo democraticamente eleito em outubro de 2018, usam seu prestígio para fazer apressadas ilações”.

O vice ainda diz que o Brasil sairá prejudicado diante das ações tomadas até o momento e critica a forma como medidas de isolamento social foram aplicadas. “Pela maneira desordenada como foram decretadas as medidas de isolamento social, a economia do País está paralisada”.

“Esses pontos resumem uma situação grave, mas não insuperável, desde que haja um mínimo de sensibilidade das mais altas autoridades do País”, escreve Mourão.

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