‘O grande erro do lockdown é fazer você acreditar que está seguro em casa’, diz infectologista

Em entrevista ao Pânico, Francisco Cardoso revelou quais seriam suas estratégias para combater a pandemia no Brasil e afirmou que o tratamento precoce não é recomendado por instituições de saúde devido a ‘interesses particulares’

  • Por Jovem Pan
  • 16/03/2021 15h17 - Atualizado em 16/03/2021 15h40
Imagem: Reprodução/Instagram @dr.francisco_cardoso Infectologista Dr. Francisco Cardoso usando máscaras contra a Covid-19 Para infectologista, medidas de fiscalização podem auxiliar o combate da pandemia no Brasil

Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta terça-feira, 16, o infectologista Francisco Cardoso analisou as políticas de saúde implementadas para combater a pandemia do novo coronavírus no Brasil. Segundo ele, até o momento, as medidas têm se mostrado ineficazes. “Primeiro ponto: cadê os hospitais de campanha? Eles foram desmontados no meio da guerra. Os gestores tiveram um ano para se programar e não se prepararam, chegamos a 2021 da mesma maneira. Cada estado tomou decisões diferentes, a situação tornou-se uma ‘Torre de Babel’ com as regiões falando línguas distintas. Deveria ter sido montado um comando central de crise, que emitisse regras uniformes para os estados e municípios. Além disso, o grande erro das políticas de lockdown é fazer você acreditar que está seguro em casa. Em um espaço como um restaurante, onde as mesas estão separadas os clientes usam máscaras, há ventilação adequada e as regras sanitárias estão sendo seguidas, você está muito mais seguro do que em casa”, disse.

Defendendo também o tratamento precoce contra a Covid-19, o médico revelou qual seria sua estratégia de combate à doença. “Como gestor, eu aliaria a vacinação em massa com uma política de fiscalização rígida dos estabelecimentos, ampliando seus horários de funcionamento para evitar aglomerações. Excluiria o lockdown e, principalmente, esclareceria a função do tratamento precoce para a população, oferecendo-o como possibilidade a quem quisesse se livrar da infecção de forma mais rápida e tornando esta conduta uma política de estado.” Para Cardoso, muitas instituições de saúde não recomendam o tratamento precoce porque, supostamente, o uso destes medicamentos envolveria uma série de interesses particulares.

“O tratamento precoce engloba remédios que estão à disposição para serem testados frente a novas doenças. Muitos estudos mostram que eles conseguem diminuir a quantidade de vírus em nosso corpo porque bloqueiam a entrada do Sars-CoV-2 nas células. Acudir o paciente que está doente é uma premissa da medicina, portanto o tratamento precoce não deveria ser alvo de polêmica – que surgiu por conta de uma equivocada politização da pandemia. Um absurdo completo. Para recomendá-lo, há sociedades médicas que estão exigindo estudos que demandariam anos e milhões de dólares para serem elaborados. Elas adotam dois pesos e duas medidas porque, para gripe recomendam remédios com baixas evidências científicas, mas para a Covid-19 – que está deixando milhares de mortos e contaminados, exigem uma burocracia enorme. Há conflitos e interesses nesta história, por exemplo, muitas organizações não apoiam o tratamento precoce já que oferece remédios baratos, que não gerariam alto lucro para as indústrias. Além disso, uma vez que estes medicamentos fossem instituídos, poderiam atrapalhar as caras pesquisas em andamento para o desenvolvimento de novos fármacos”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com o Dr. Francisco Cardoso:

 

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